As mudanças climáticas são consideradas uma das maiores ameaças ambientais do século XXI e podem ter consequências profundas. Os recordes de calor que fizeram de 2016 o ano mais quente alguma vez registado prometem continuar este ano. A Organização Meteorológica Mundial fez agora questão de alertar para os problemas que o aumento do calor acarreta e que estão a afetar o mundo inteiro: o aquecimento global está a subir o nível médio das águas do mar e a provocar o degelo, conta o The Guardian.

Julienne Stroeve, professora na Universidade College London, no Reino Unido, admitiu que o nível de gelo do Ártico nunca registou níveis tão baixos e preocupantes.

O gelo do Ártico tem registado números muito baixos desde Outubro, persistindo durante seis meses consecutivos, algo nunca visto antes do registo de dados por satélite [há quatro décadas]. Ao longo do hemisfério sul, o gelo do mar também quebrou novos recordes mínimos, levando à menor quantidade de gelo marinho mundial já registado”, explicou Stroeve.

O aquecimento global é maioritariamente consequência das emissões poluentes provocadas pelas atividades humanas. No entanto, o fenómeno do El Ninõ contribuiu em muito para o aumento das temperaturas em 2016. O El Ninõ está agora a perder a força, mas as suas consequências extremas ainda se fazem sentir e é visto como um dos grandes responsáveis para as ondas de calor polares, que fizeram descer os níveis do gelo.

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Mesmo sem um El Niño forte em 2017, estamos perante outras mudanças notáveis em todo o planeta que estão a desafiar os limites da nossa compreensão do sistema climático. Estamos agora num território verdadeiramente inexplorado”, revelou David Carlson, responsável pelo programa de investigação do clima mundial da Organização Meteorológica Mundial.

Os novos dados do estudo sobre as mudanças climáticas também levaram os cientistas a criticar Donald Trump, que desvaloriza as questões relacionadas com o clima, principalmente em relação ao aquecimento global, tendo já chegado mesmo a afirmar publicamente que não passa tudo de um “mito” inventado pelos chineses.

“Embora os dados mostrem um impacto cada vez mais maior das atividades humanas no sistema climático, a administração Trump e os republicanos do Congresso continuam a enterrar a cabeça na areia”, afirmou Robert Watson, cientista na Universidade East Anglia do Reino Unido e ex-chefe do painel climático das Nações Unidas. “Os nossos filhos e os nossos netos vão olhar para as pessoas que não se preocuparam com as alterações climáticas e vão-se perguntar como é que elas puderam sacrificar o planeta por causa de combustível fóssil barato, quando o custo da falta de ação pode vir a exceder o custo de uma transição para uma economia de baixo carbono”, salientou Watson, em declarações ao The Guardian.