Um estudo revelou que o veneno de uma das aranhas mais mortais do mundo pode minimizar os danos provocados por acidentes vasculares cerebrais (AVC), conta o The Guardian. A investigação, levada a cabo por cientistas australianos, mostrou que existe uma molécula no veneno da aranha funnel web – aranha teia de funil – (da espécie Hadronyche infensa) que consegue proteger as células cerebrais das sequelas de um AVC, mesmo quando injetada no sangue algumas horas depois.

Acreditamos que encontrámos, pela primeira vez, uma maneira de minimizar os efeitos colaterais após um acidente vascular cerebral”, revelou Glenn King, professor do Instituto de Biociência Molecular e um dos autores do estudo.

A descoberta surgiu ao acaso, quando vários investigadores da Universidade de Queensland e da Universidade de Monash examinavam o ADN das toxinas presentes no veneno de três aranhas desta espécie mortal mortal que encontraram na praia australiana Orchid, em Queensland.

Apesar de já se saber que o veneno da aranha teia de funil consegue matar um ser humano em menos de 15 minutos, os cientistas acabaram por descobrir algo que lhes captou ainda mais o interesse. A molécula, com o nome Hi1a, chamou-lhes a atenção por ter semelhanças com um outro produto químico utilizado para proteger as células do cérebro. A partir daí, decidiram analisar a composição da molécula e testá-la de forma a comprovar a sua teoria. “Ela provou ser ainda mais potente do que pensávamos”, referiu Glenn.

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Se a descoberta for aplicada corretamente em testes em seres humanos, tudo indica que poderá vir a ser a primeira cura contra a devastadora perda de neurónios que um enfarte pode causar, visto que atualmente não existem medicamentos no mercado que previnam as lesões, segundo o The Telegraph.

Kate Holmes, da Associação Nacional contra os AVC, viu a molécula Hi1a como uma possível solução para o tratamento dos pacientes e como um grande avanço na medicina, salientando a urgência da sua implementação.

Recebemos de braços abertos qualquer tratamento que tenha potencial para curar as sequelas de um AVC, especialmente se conseguir ajudar as pessoas que não conseguem chegar ao hospital rapidamente. Apelamos também para que o tratamento seja implementado com urgência. Quanto mais cedo uma pessoa conseguir chegar ao hospital, mais rapidamente o tratamento certo pode ajudá-la, ajudando na sua recuperação”, explicou Holmes.

Os acidentes vasculares cerebrais ocorrem quando o fluxo sanguíneo para o cérebro é interrompido e fica privado de oxigénio. Cerca de 85% dos destes acidentes são causados por bloqueios nos vasos sanguíneos, com os restantes casos a ocorrer devido a hemorragias provocadas pelo rompimentos dos vasos. O AVC é considerado a segunda causa de morte em todo o mundo, com seis milhões de pessoas a morrer por ano, depois dos ataques cardíacos.