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"Bobo", "traste", "sexista"... quem bate mais em Dijsselbloem?

Este artigo tem mais de 5 anos

As declarações de Dijsselbloem mereceram o repúdio de todos os responsáveis políticos portugueses, da esquerda à direita. Mas houve uns mais agressivos do que outros. Quer saber o que disseram?

"Não posso gastar todo o meu dinheiro em álcool e mulheres e continuar a pedir ajuda", afirmou o presidente do Eurogrupo
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"Não posso gastar todo o meu dinheiro em álcool e mulheres e continuar a pedir ajuda", afirmou o presidente do Eurogrupo

FILIP SINGER/EPA

"Não posso gastar todo o meu dinheiro em álcool e mulheres e continuar a pedir ajuda", afirmou o presidente do Eurogrupo

FILIP SINGER/EPA

O líder do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, teve uma tirada controversa, recusou pedir desculpas, sugeriu que não estava a ofender ninguém e ainda disse que as suas declarações não eram infelizes. A partir daí abriu-se um concurso de tiro ao alvo ao holandês: “bobo”, “traste”, “lacaio”, “parvalhão”, “cordeiro”, “xenófobo”, “racista”, “sexista”, “criatura” e “atrasado mental”. Tudo serviu para criticar as palavras do ministro das Finanças holandês, cuja saída, vão dizendo vários responsáveis políticos portugueses, é só uma: a porta da rua.

Começando pelo início. Na segunda-feira, em entrevista ao Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ), um dos mais influentes jornais alemães, Dijsselbloem sugeriu — ainda que de forma indireta — que os países do Sul da Europa gastam dinheiro com álcool e “mulheres”. A frase, na íntegra, pode traduzir-se da seguinte forma:

O pacto na zona euro baseia-se na confiança. Com a crise do euro, os países do norte na zona euro mostraram a sua solidariedade para com os países em crise. Como social-democrata, considero a solidariedade extremamente importante. Mas quem a exige, também tem obrigações. Não posso gastar todo o meu dinheiro em álcool e mulheres e continuar a pedir ajuda. Este princípio aplica-se a nível pessoal, local, nacional e, inclusivamente, europeu”, afirmou Dijsselbloem.

As reações não tardaram. Entre declarações institucionais mais ou menos duras, onde foi apontada a porta de saída a Dijsselbloem, as afirmações do holandês e presidente do Eurogrupo mereceram o repúdio de todos os responsáveis políticos portugueses, da esquerda à direita, sem exceções. Ainda assim, houve quem não poupasse nos adjetivos para descrever a atitude do governante holandês. A começar por António Costa que, à margem de uma conferência de imprensa no Estoril, exigiu a cabeça de Dijsselbloem.

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Numa Europa a sério, o sr. Dijsselbloem já estava demitido. É inaceitável que uma pessoa que tem um comportamento como ele teve, uma visão xenófoba, racista e sexista sobre parte dos países da União Europeia possa exercer funções de presidência de um organismo como o Eurogrupo”, afirmou o primeiro-ministro português.

Costa foi mais longe: “Unidade não se constrói estigmatizando uns contra os outros mas, pelo contrário, com respeito e um esforço de grande unidade. Portugal não tem lições a receber do sr. Dijsselbloem em coisa nenhuma. Portugal cumpriu escrupulosamente todos os seus compromissos com a União Europeia. A Europa não se faz com Dijsselbloems“, rematou o primeiro-ministro.

Antes, na terça-feira, já Carlos César reagira de forma muito dura às declarações de Dijsselbloem: “Este é o tipo de criatura que não faz falta na União Europeia”, afirmou o líder parlamentar e presidente do PS ao Observador.

Entre os socialistas, que pertencem à mesma família política europeia do Partido Trabalhista (PvdA) de Dijsselbloem, foi Porfírio Silva a lançar-se ao holandês, referindo-se ao ministro das Finanças como um “idiota” e um “traste austeritário”, que “não aprendeu nada com os últimos anos”.

Sérgio Sousa Pinto, também ele deputado socialista, aproveitou a mesma plataforma para classificar Dijsselbloem de “lacaio internacional”, “uma vergonha de político” e “um sobrevivente sem escrúpulos”, que decidiu vestir “uma camisa castanha e deu largas à xenofobia como se estivesse em cima de uma mesa de uma cervejaria bávara”. Mais, disse,”o mestre Dijsselbloem, reduzido politicamente a pó, farejou o fedor da xenofobia e entrou na festa, determinado a sobreviver. Por isso se lembrou do sul decadente, de mulheres e copos. Dijsselbloem, um sobrevivente sem escrúpulos, decidiu acicatar o pior da Holanda, vestiu uma camisa castanha e deu largas à xenofobia como se estivesse em cima da mesa de uma cervejaria bávara”, escreveu o socialista.

Tiago Barbosa Ribeiro relacionou as declarações do ministro das Finanças holandês com o declínio dos partidos socialistas na Europa que, de alguma forma, se aproximaram do centro-direita e esqueceram as suas verdadeiras matrizes. No caso do “triste ministro das finanças da Holanda”, escreve o deputado socialista, “fica apenas o radicalismo, a ortodoxia e a xenofobia“.

Mais à esquerda, foi Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda, a definir o tom dos bloquistas: as declarações “xenófobas e sexistas” de Dijsselbloem como uma tentativa de “segurar o lugar”.

Ao Observador, a deputada bloquista Isabel Pires já considerara as declarações do holandês “absolutamente inaceitáveis pelo grau de preconceito que demonstram, de racismo, de xenofobia, de sexismo”.

No Twitter, Pedro Filipe Soares, líder parlamentar do Bloco de Esquerda, não deixou grande espaço para dúvidas: “Jeroen Dijsselbloem é um parvalhão. Achincalhar os povos do sul da Europa para proteger o seu lugar à frente do Eurogrupo é a prova disso”.

No PCP, as reações foram mais comedidas. Ainda assim, na RTP, João Ferreira, eurodeputado do PCP e candidato comunista à Câmara de Lisboa, foi lesto em afirmar que as declarações do ministro das Finanças holandês são reveladoras de um sentimento “xenófobo” e de uma “arrogância quase colonialista”.

À direita, as reações também não foram exatamente meigas. Duarte Marques, deputado social-democrata, aproveitou o Twitter para classificar o presidente do Eurogrupo de “atrasado mental”.

Pedro Roque Oliveira, deputado do PSD e secretário-Geral dos TSD (Trabalhadores Social Democratas,) também não poupou ministro das Finanças holandês, o “bobo” a quem “tudo pode ser tolerado. O social-democrata Miguel Morgado acabou por ser mais contido, e escreveu, no Twitter, um simples: “Passou-se…”.

Esta quarta-feira no Parlamento, em pleno debate quinzenal, Luís Montenegro, líder parlamentar do PSD, classificou as declarações do ministro das Finanças holandês de “graçolas de mau gosto” que “desmerecem o sacrifício de um povo, famílias deste país que com muito sacrifício contribuíram para a recuperação do país. Quem não respeita isto, nem na forma nem no conteúdo, só tem um caminho e o caminho é ir embora”.

Num caso raro de unanimidade, o CDS juntou-se ao coro de críticas de que Dijsselbloem foi alvo. No Parlamento, Pedro Mota Soares, deputado democrata-cristão, considerou as declarações do holandês “sexistas e que ofendem profundamente as mulheres, os homens, os portugueses”.

Indiferente a tudo isto, Dijsselbloem já veio dizer que não tenciona demitir-se. Lamentando que os países do sul da Europa se tenham sentido ofendidos pelas suas declarações, o presidente do Eurogrupo justificou-se: “É o meu estilo”,

“Peço desculpa se alguém ficou ofendido com as declarações. Fui direto. Percebo que isso não seja sempre bem entendido e apreciado em outros sítios da Europa e isso é uma lição que tiro. Não tenho intenção de me demitir. Acho que sou apreciado por manter o meu próprio estilo. E sim, o meu estilo é direto. Se alguém ficou ofendido peço novamente desculpa”, afirmou o holandês, citado pela agência Reuters.

Dijsselbloem: “Não tenho a intenção de me demitir”

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