O presidente do Eurogrupo lamentou esta quarta-feira que os países do sul da Europa se tenham sentido afetados pelas suas declarações. Ainda assim, deixou uma garantia: não tem intenção de se demitir-se. “É o meu estilo”, justificou-se.

“Lamento que se sintam afetados e lamento que nessa entrevista tenha surgido uma ligação com o contraste entre o norte e o sul”, afirmou o ministro das Finanças holandês, citado pela agência Reuters.

Na segunda-feira, em entrevista ao Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ), um dos mais influentes jornais alemães, Dijsselbloem sugeriu — ainda que de forma indireta — que os países do Sul da Europa gastam dinheiro com álcool e “mulheres”. A frase, na íntegra, descontando a tradução, foi a seguinte:

O pacto na zona euro baseia-se na confiança. Com a crise do euro, os países do norte na zona euro mostraram a sua solidariedade para com os países em crise. Como social-democrata considero a solidariedade extremamente importante. Mas quem a exige, também tem obrigações. Não posso gastar todo o meu dinheiro em álcool e mulheres e continuar a pedir ajuda.Este princípio aplica-se a nível pessoal, local, nacional e, inclusivamente, europeu”, afirmou Dijsselbloem.

As declarações do holandês foram compreensivelmente entendidas como um ataque aos países do sul da Europa, Portugal incluído. António Costa e vários representantes políticos portugueses foram unânimes em pedir a cabeça de Dijsselbloem. Agora, o presidente do Eurogrupo veio retratar-se, ainda que não tenha recuado um centímetro no que disse.

“Peço desculpa se alguém ficou ofendido com as declarações. Fui direto. Percebo que isso não seja sempre bem entendido e apreciado em outros sítios da Europa e isso é uma lição que tiro. Não tenho intenção de me demitir. Acho que sou apreciado por manter o meu próprio estilo. E sim, o meu estilo é direto. Se alguém ficou ofendido peço novamente desculpa”, acrescentou.

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