Estava já no final da Ponte de Westminster, quase a chegar ao Big Ben, para ir apanhar o metro, quando foi atingido pelo Toyota todo-o-terreno. Francisco Lopes, de 26 anos, é um dos 40 feridos do ataque terrorista desta tarde em Londres, e, ao Observador, confirmou já estar em casa, depois de ter tido alta do Chelsea and Westminster Hospital.

O português, a viver em Londres há 15 anos, diz que teve “bastante sorte”, pois, apesar de ter sido atingido “com força”, só ficou com três cortes: dois na perna esquerda e um na mão, tendo levado seis pontos no membro inferior e três no membro superior.

Acho que a sorte esteve do meu lado porque as pessoas atingidas à minha volta pareciam estar críticas”, declarou ao Observador.

Francisco Lopes tinha saído do trabalho na loja Marks and Spencer, no St Thomas’ Hospital, e estava a caminho de apanhar o metro para casa. À TVI, o português relatou, ao final desta tarde, que “como estava mais contra o muro”, não teve tempo de se desviar do automóvel. Lembra-se de ter posto os braços à frente, de se ter virado e de acordar no chão com dores. Mas só mais tarde, já no hospital, viria a perceber que tinha sido vítima de um ataque terrorista.

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“Começaram-me a contactar os meus companheiros de trabalho e toda a minha família de Portugal e só aí é que soube realmente que foi mesmo um ataque terrorista. Não tinha nenhuma ideia até às cinco, seis da tarde”, explicou o português, que não conseguiu ver o rosto do condutor, repetindo o facto de ter tido “sorte” e ser um “afortunado” várias vezes ao longo do relato.

Questionado pelo Observador sobre se passará a fazer outro percurso à saída do trabalho, Francisco Lopes afirmou que recusa fazê-lo. “Se tivermos medo significa que os terroristas ganham. Não podemos mostrar medo.”

Dois portugueses contam o que viram

Mais sorte teve António Moreira, que estava na zona do acidente e assistiu a tudo. “Vi um carro atravessar a ponte da zona sul para a zona de Westminster. De repente, guinou para o passeio varrendo uma série de pessoas”, contou ao JN o português residente em Londres, lembrando que “a ponte, naquele sítio, está sempre pejada de turistas” e “é quase impossível circular rapidamente por ali”.

“O carro atropelou uma série de gente, sem parar, fez mais cerca de 50 metros e foi embater, logo a seguir ao Big Ben, na parede lateral do Parlamento britânico.”

O português acrescentou ainda o facto de a zona estar “fortemente guardada por polícia armada”, o que considerou “uma sorte”, porque “a polícia de Londres não tem normalmente armas”. Só por isso o atacante foi imediatamente abatido. “Ainda ouvi os tiros, três, quatro tiros, não sei bem, foi muito rápido” e depois espreitou e ainda conseguiu ver “pelo menos duas pessoas deitadas na ponte e o carro parado batido contra o muro”. A seguir a polícia obrigou-o a “fazer inversão de marcha” e “cortou todos os acessos”.

Também António Cunha se encontrava junto a Westminster no momento do atentado. O Conselheiro das Comunidades Portuguesas e motorista de um veículo de passageiros relatou à Lusa que a polícia o mandou parar. “Quiseram revistar a bagageira e passaram um papel pelo volante [em busca de vestígios de substâncias perigosas]”, contou António Cunha, que não chegou a ver os incidentes.

Depois de lhe darem ordem para circular, seguiu viagem em direção à zona de Docklands, perto do centro financeiro, onde mais uma vez foi alvo de revistas por parte da polícia.