Estações de serviço de Caracas abriram esta quarta-feira sem gasolina, obrigando a população a acorrer a outras estações, originando longas filas de viaturas que tornaram ainda mais complicado o trânsito, numa cidade onde a circulação é, tradicionalmente, difícil.

“Passei por uma bomba em Altamira e por outra em Las Mercedes e não tinha gasolina e por isso estou aqui, na fila, sem saber quando tempo vou demorar, para poder encher o tanque do carro”, disse um popular à agência Lusa. À semelhança de dezenas de outros motoristas, Giuseppe Casale estava na fila em Los Chaguaramos (sudoeste) na esperança de que a gasolina chegasse também para ele, enquanto se queixava de não entender “como é que isto pode acontecer num país petrolífero”.

“Tudo está cada vez mais limitado, dizem que só estão a vender 20 litros. É preciso estar na fila para conseguir produtos (básicos), em quantidade limitada, para comprar medicamentos, peças de reposição para as viaturas. Frequentemente o que se houve dizer é que não há isto, nem há aquilo, e agora também temos de fazer fila para conseguir comprar gasolina”, desabafou.

No seu entender, a qualidade de vida dos venezuelanos está a deteriorar-se rapidamente. “Parece que há dois países num, o dos políticos que dizem que tudo avança bem e aquele em que a população vive diariamente, onde os salários não chegam para nada e as coisas sobem de preço todos os dias”, acusa.

Segundo a imprensa local, a Venezuela não produz gasolina suficiente para o consumo interno, tendo que recorrer à importação, mas os barcos com combustível demoram até 90 dias parados em alta mar, antes de proceder ao abastecimento da refinaria venezuelana na ilha de Curaçao (de onde depois vem para Caracas), devido a atrasos nos pagamentos.

Desde há pelo menos dois meses que a população que reside no interior da Venezuela se queixa de que a gasolina não é distribuída em quantidade suficiente para abastecer e que vários dos 24 Estados registam diariamente longas filas para o abastecimento. A falta de gasolina começou por afetar Estados como Zúlia, Táchira, no oeste do país, e mais recentemente Barquisimeto, Carabobo e Arágua, Cojedes e Guárico (centro), apesar da empresa estatal Petróleos da Venezuela (PDVSA) ter emitido no passado dia 15 um comunicado a anunciar que o abastecimento estava garantido e normalizado no centro do país.

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