A emissão de dívida perpétua da Caixa Geral de Depósitos já está a atrair uma procura de cerca de três vezes mais do que os 500 milhões a colocar. Segundo apurou o Observador junto de fontes do mercado, a procura já supera, portanto, os 1.500 milhões de euros. Porém, de acordo com a mesma fonte, e como a Bloomberg já tinha adiantado, o juro implícito ficará entre 11% e 11,5%.

O custo não é surpreendente, dado o risco elevado associado a esta emissão e às características dos títulos a emitir. A agência de rating Fitch atribuiu uma notação de B- à emissão de dívida perpétua pela Caixa Geral de Depósitos (CGD), ainda mais baixo do que a notação de alto risco que já é dada ao banco público.

O rating de B- é, pela própria definição da agência, “altamente especulativo“, ou seja, com elevado risco de haver incumprimento pelo menos parcial. Ainda assim, o presidente Paulo Macedo já mostrou confiança de que irá haver uma boa procura pelos títulos.

Vão ser emitidos 500 milhões de euros em dívida perpétua que ficará com uma cláusula que prevê que se o rácio de capital da Caixa descer para menos de 5,125%, os títulos serão automaticamente utilizados para reforçar esses mesmos rácios — ou seja, impondo perdas aos investidores.

“O rating está três níveis abaixo do rating de viabilidade da Caixa, que é de BB-, em linha com os critérios da Fitch para analisar instrumentos híbridos”, afirmou a agência de notação de risco. “A notação reflete uma severidade de perdas mais elevada, em comparação com os credores seniores [os que detêm dívida com maiores garantias e direitos], e um risco de incumprimento mais elevado”, acrescenta a agência, explicando que esse efeito está relacionado com o pagamento de juros periódicos, que é discricionário.

A Fitch acredita, mesmo, que mesmo que os rácios de capital não desçam até 5,125%, poderá haver interrupção do pagamentos de juros de cupão (periódico, anual) logo que os rácios se aproximem, por hipótese, dos mínimos pedidos à Caixa em 2017, que são de 8,25%. Os rácios da Caixa, incluindo a recapitalização em curso, estão em 12% (em base consolidada).

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