As autoridades policiais continuam a libertar mais informação sobre Khalid Masood, o homem de 52 anos que as autoridades britânicas identificaram como o autor do ataque terrorista de Londres, que vitimou cinco pessoas e deixou cerca de 50 pessoas feridas, duas delas em estado crítico e uma delas em perigo de vida.

De acordo com as informações divulgadas esta sexta-feira de manhã por Mark Rowley, chefe da unidade anti-terrorismo da polícia londrina, o atacante nasceu no dia de Natal, em 1964, em Kent, no sudeste de Inglaterra, com o nome de Adrian Russell Ajao. Um nome que terá mudado com a conversão ao islamismo. Mudou-se depois para as Midlands Ocidentais, região que envolve as cidades de Birmingham, Wolverhampton e Coventry, tendo adotado diferentes identidades. A localidade onde vivia mais recentemente, com a mulher e uma criança pequena, chama-se Winson Green,

De acordo com a informação avançada pela primeira-ministra britânica, Theresa May, Masood chegou a ser referenciado pelos serviços de informação britânicos como uma figura “periférica” numa investigação sobre terrorismo. Até ao momento, não há mais nenhuma ligação identificada a organizações terroristas.

Ainda assim, Khalid Masood já estava referenciado pelas autoridades britânicas. Tinha cadastro depois de ter sido condenado algumas vezes por crimes como agressão, posse de armas e perturbação da ordem pública. A primeira condenação foi em novembro de 1983 e a última em dezembro de 2003.

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Às 14h40 da tarde de quarta-feira, Masood, que seguia de carro, entrou pela ponte de Westminster, perto do Parlamento britânico e de outras atrações turísticas como o London Eye, com a intenção de atropelar o maior número de pessoas. Fez 40 feridos, dois dos quais não resistiram aos ferimentos graves causados pelo impacto.

De acordo com a BBC, Masood ter-se-à identificado como professor junto da empresa que de aluguer de automóveis, na região de Birmingham.

O atacante acabaria por se despistar e embater contra os portões laterais do Parlamento. Vestido de preto, na posse de uma arma branca, Masood passou as portas que dão acesso ao pátio à frente do Parlamento e atacou um polícia que o abordou. O agente de autoridade acabou por não resistir aos ferimentos. Quando tentava correr de novo para fora do recinto, outros dois membros da polícia terão disparado contra o atacante que ficou gravemente ferido, acabando por morrer. Foi baleado três vezes no peito pelas forças de segurança.

Mesmo no fundo da maca, onde o suspeito está deitado, vê-se um par de botas castanhas que poderão pertencer ao atacante, uma vez que ele surge na fotografia descalço e sem uma meia.

Durante a tarde de quarta-feira, começam a surgir imagens aproximadas da cena do crime. Junto ao atacante são visíveis duas facas. Uma delas parece ser uma faca grande de cozinha, com um cabo preto (está entre um homem com uma camisa branca e um agente da polícia à sua esquerda). A outra faca está à direta do pino laranja.

Nesta imagem, o atacante está de tronco nu, com o que parece ser uma placa de desfibrilhação do lado esquerdo do abdómen. Um dos indivíduos dos serviços de emergência tem a mão direita, com uma luva azul, em cima do peito do suspeito, que se acredita ser Khalid Masood. Aparentemente, estariam a tentar reanimá-lo.

Horas antes do atentado, Khalid Masood esteve num hotel em Brighton, o Preston Park Hotel. Segundo o The Sun, passou lá a noite de 21 para 22 de março, o dia do atentado. Uma fonte do hotel disse àquele jornal que, em conversa com funcionários, o terrorista disse que “Londres já não é o que era”.

Em entrevista à Sky News, um empresário que frequenta as instalações daquele hotel semanalmente em trabalho, conta o breve encontro que teve com Khalid Masood, entre 10 a 15 segundos. Quando o viu, o terrorista estava a conversar com uma das rececionistas. O empresário, Michael Peterson, pediu licença para interromper a conversa e pedir um favor à rececionista. “Notei no asassino um comportamento muito cortês e não havia nada nele que me pudesse levar a ter suspeitas”, disse, descrevendo como um homem alto, “com dentes muito brancos, sorridente, bem falante e simpático”.

O grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico reivindicou o ataque através da agência de propaganda Amaq, afirmando que o atacante era “um soldado do Estado Islâmico”.

Durante a tarde foram surgindo alguns rumores de que o atacante fosse Trevor Brooks, um cidadão britânico de 42 anos, nascido a 18 de abril de 1975 em Hackney (leste de Londres) que se terá convertido ao Islão assim que fez 18 anos. Conhecido pelas suas posições extremistas, descrito pelo Counter Extremism Project (CEP) — uma organização sem fins lucrativos que se dedica a combater ideologias extremistas –, como “propagandista islamita” e um “clérigo radical”, tudo indicava que Abu Izzadeen, nome que adotou depois de se converter, era o verdadeiro autor do atentado. No entanto, essa informação acabaria por se desmentida pelas autoridades britânicas, até porque Trevor Brooks continua preso.

Durante a madrugada, as autoridades britânicas levaram a cabo um raid policial na cidade de Birmingham, cerca de 200 quilómetros a noroeste de Londres. A ação policial estava relacionada com o ataque em Londres. Oito pessoas foram detidas até ao momento, numa altura em que as investigações ainda decorrem.

[notícia atualizada a 24 de Março às 8h45, com as novas informações divulgadas por Mark Rowley, da polícia de Londres]