“Posso ser entrevistado?”, pergunta Henrique Bartilotti no recreio da Escola Básica nº 1 em Lisboa. Aos 10 anos, juntou-se aos colegas do 4º ano para aprender a montar uma horta-jardim com Mariano Bueno, um dos maiores especialistas europeus de agricultura biológica que está de breve visita a Portugal para lançar o livro A Horta-Jardim Biológica. “Gostei de aprender a fazer uma horta biológica dentro de uma garrafa de água e a fazer produtos químicos para matar as minhocas e os bichos que estão dentro da terra”, explica fluentemente como se estivesse mais do que habituado a responder a perguntas de jornalistas. Na sua casa do Alentejo — como lhe chama — tem uma horta-biológica onde pretende, a partir de agora, convencer os pais a cultivar flores comestíveis para comer com saladas (ou, de preferência, só tomate) “porque tem um bom sabor, boa textura e cor”, adianta orgulhoso enquanto sorri para Bueno.

Mariano Bueno é um dos maiores especialistas e divulgadores europeus da agricultura biológica. (foto: Hugo Amaral/Observador)

“Seja em saladas, bolos ou sopas, as flores comestíveis trazem alegria, cor, fragrância e matizes de frescura à nossa dieta alimentar habitual”, confirma o espanhol Mariano Bueno também em entrevista ao Observador. “Umas têm um sabor adocicado e outras um travo pouco picante que servem tanto para perfumar como para comer”, promete. Para além de serem já um pormenor obrigatório na alta cozinha, flores como a alfazema secam, aromatizam o arroz-doce e ainda podem ser usadas em pratos de coelho, frango e arroz — assim como para preparar doces e gelados ou sopas e saladas. No entanto, a integração das flores na alimentação não é uma invenção da cozinha moderna. Remonta a culturas antigas, como a grega e a romana, ou a hindu e chinesa.

As flores são ricas em nutrientes. Contêm um elevado teor de minerais como cálcio, ferro e sódio, bem como de proteínas, aminoácidos e vitaminas A, B, C, D, E, K, P e B12, entre outras (especialmente a capuchinha e a rosa). Além disso, contêm óleos essenciais bons para o organismo, e não é preciso ingerir uma grande quantidade para notar todos os benefícios”, escreve Mariano Bueno na obra que publicou juntamente com Jesús Arnau.

Existem diversas flores comestíveis com propriedades gastronómicas para cultivo em espaços reduzidos (seja em varandas ou terraços). (foto: Hugo Amaral/Observador)

Se gosta de usar flores que cultiva na sua horta-jardim na alimentação, convém apanhá-las ao meio do dia e quando o tempo está seco. Segundo o autor, colha apenas a quantidade aproximada de que precisa e momentos antes de a servir, para serem o mais frescas possível — se, por algum motivo, o consumo não for imediato, pode conservar no frigorífico dentro de um recipiente hermético, embrulhadas em papel humedecido. “Para lavar as flores, passe-as suavemente por água fria sem esfregar as pétalas. Depois, deixe-as a escorrer sobre um pano de cozinha limpo e por fim seque-as delicadamente com um guardanapo, segurando-as pelo pé”, alerta Mariano Bueno.

O livro foi publicado pela Arteplural Edições e custa 19,9€. (foto: Hugo Amaral/Observador)

Com a ajuda do próprio autor da A Horta-Jardim Biológica, reunimos em fotogaleria mais de uma dúzia de flores comestíveis (e respetivos usos culinários) para estimular o paladar e outros sentidos graças às cores apelativas e agradáveis aromas.

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