O antigo líder do PSD Marques Mendes revelou este domingo que na base do impasse na venda do Novo Banco à Lone Star está “um problema que já se arrasta há muitas semanas”. E o “problema” é que Bruxelas “insiste em que o Estado venda a totalidade do banco e Governo só quer vender 75%”. No seu espaço semanal de comentário na SIC — onde tem dado algumas notícias sobre o processo — Mendes acredita que Governo e Comissão Europeia podem chegar a um “meio-termo, em que o Estado mantém 25% de participação, mas sem mandar: com ações sem direito a voto“.
Marques Mendes alerta que “tem de ser tomada a decisão até dia 31” e antecipa que, mesmo que Bruxelas e o Governo português cheguem a acordo, o caso vai gerar “muita polémica” no panorama político, numa alusão à reação quer “dos partidos que apoiam o Governo, o PCP e o BE, quer por parte de PSD e CDS.” Elogia, no entanto, a atitude do executivo de ouvir os partidos com assento parlamentar na próxima semana antes de tomar uma decisão. Ainda sobre a banca, Mendes considera que “qualquer ideia de comparar o Montepio com o BES é um exagero”, lembrando que o BES tinha uma exposição ao Grupo Espírito Santo que o Montepio não tem à Associação Mututalista.
O antigo líder do PSD, comentou ainda o facto do Governo ter conseguido alcançar um défice de 2,1% em 2o16, lembrando que os que criticavam Passos Coelho por “ir além da troika“, foram agora “além do défice exigido“. Destacou, no entanto, que “não é a primeira vez que acontece”, já que “Miguel Cadilhe, em 1989, já tinha atingido 2,1%, mas não deixa de ser um excelente resultado. Um grande resultado. Uma grande vitória para Portugal”. O próprio Cadilhe comentou esse facto, este domingo, em declarações ao Observador.
Marques Mendes destacou ainda que a meta do défice alcançada foi uma “grande vitória do Governo“, mas que teve uma “ajuda inesperada da oposição“, que “baixou as expectativas ao andar a dizer muito meses que o défice não ia ficar abaixo dos 3%”. “Baixando as expectativas, fica mais fácil para o Governo”, concluiu. O ex-líder do PSD, acredita que Portugal vai sair da “lista negra” e que “mais tardar, no mês de maio, o país deve sair do Procedimento por Défice Excessivo”. Sobre a ameaça de sanções do Banco Central Europeu, Marques Mendes explica que foi falso alarme: “Constâncio, que está no BCE, não sabe de nada. Não será para levar a sério”.
O ex-líder do PSD comentou também as polémicas declarações do presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, não tanto pela “boçalidade” (“nós em Portugal temos expressões parecidas com essas, como a que termina em vinho verde…“), mas por ser de “um responsável político que devia dar o exemplo” e que devia unir, em vez de dividir. Marques Mendes critica o facto de dar a ideia de que há “preguiçosos no sul”.
Mendes acredita que Dijsselbloem “vai ter de sair, mais dia, menos dia”. “Levou uma banhada eleitoral na Holanda. Para além disso, ele perdeu o respeito dos seus pares. E quem perde esse respeito, só tem um caminho: a porta da saída. Talvez o tenha feito para agradar a Alemanha, para se agarrar ao lugar, mas isto não é aceitável. Divide, quando devia unir.”