Todos nós temos um sonho. Muitos gostávamos de ir à Lua. Ou de ser atores. Há qualquer coisa naquele mundo do showbusiness que nos parece atrair, é mesmo assim. Khalil Rafati até nasceu na mesma cidade de Neil Armostrong mas, dentro do género, manteve os pés na terra – ficou-se apenas pelo ideal dos filmes. Vai daí, mudou-se aos 21 anos para Los Angeles, depois de uma adolescência marcada por episódios de vandalismo. Teve vários trabalhos, quase todos temporários. Tornou-se toxicodependente. À nona overdose de heroína, achou que era demais e foi para uma clínica de reabilitação. Hoje, tem o seu negócio. E é milionário.

A história não é propriamente nova mas merece ser contada. Na última vez em que foi salvo pelo desfibrilhador, pesava apenas 49 quilos. Já tinha tocado no estrelato, muito ao de leve, quando lavou carros de estrelas como Elizabeth Taylor, Jeff Bridges ou Slash. Nessa altura, tocava também nuns bares para ganhar uns trocos. E vivia na rua, entre caixas de cartão.

“Fui mais vezes preso do que aqueles que me consigo recordar. Estava sempre em tamanha agonia que não conseguia dormir”, comentou Khalid numa reportagem da BBC. “Trabalhei muito, sete dias por semana, 16 horas por dia. Assim consegui poupar algum dinheiro”, recorda, desses tempos em que esteve numa clínica de desintoxicação e, ao mesmo tempo, tratava de jardins e passeava cães, entre outros pequenos trabalhos.

Quis também comer saudável, agora que a vida já lhe concedia esse santo prazer. E foi a partir daí que nasceu o segredo para hoje ser um milionário: ao abrir a Sunlife Organics com o melhor amigo e a namorada de então, tudo com o dinheiro que poupara, apostou num nicho que lhe rendeu um milhão de dólares em vendas logo no primeiro ano. A ideia nasceu ainda a partir do primeiro negócio que teve — duas clínicas de reabilitação –, onde inventava sumos que trouxessem bem-estar a quem necessitasse como um dia ele precisou.

Só a Sunlife Organics, que abriu em 2011, quatro anos após ter iniciado a vida empresarial com a Riviera Recovery, emprega hoje 200 pessoas e tem seis lojas pelo país. Tem receitas na ordem dos seis milhões de dólares e prepara-se para expandir a marca pelos Estados Unidos e arriscar uma aventura no Japão. Além de sumos, vende também comida orgânica e roupa. Ainda assim, continua à frente das clínicas de reabilitação. E abriu um estúdio de ioga, em Malibu. Depois do corpo cuidado, Khalil Rafati aposta também em almas sãs. Ou seja, tudo aquilo que perdeu com o tempo e entretanto recuperou.

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