Marcolino Moco, antigo primeiro-ministro de Angola entre 1992 e 1996 e secretário-executivo da CPLP daí até 2000, voltou esta segunda-feira a criticar o atual regime no país. “Não há responsabilização dos governantes por aquilo que é anormal. Consolidou-se a corrupção. O transporte do dinheiro para fora do país é uma coisa habitual. Isto faz com que num país rico haja tanta pobreza. É isso que cria todos os problemas”, referiu em entrevista à rádio pública alemã DW África.

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“O problema de Angola, hoje, é estabilizar o regime democrático. Temos um regime afunilado onde tudo é decidido pela Presidência da República, mas esta não responde perante nada, não sofre pressões na Assembleia Nacional, onde há uma maioria muito forte do MPLA. Inclusive, o Tribunal Constitucional decidiu que o Parlamento não pode interpelar um membro do Governo, e qualquer problema que seja detetado não pode constituir comissões de inquérito”, acusou o antigo responsável angolano à rádio germânica.

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Também o papel da comunicação social não passou ao lado da mira de Marcolino Moco. “A comunicação social, a mais relevante, é comandada pelo Presidente da República. Há mesmo um departamento na Presidência para controlar os meios de comunicação como se estivéssemos num regime salazarista. Foram esses mecanismos que fizeram com que o país não pudesse desenvolver-se”, atirou.