Consultar o e-mail. Responder às mensagens de WhatsApp. Publicar uma fotografia no Instagram. Ver o que se passa no Facebook. Abrir o Excel. Escrever no Word. Estas são apenas algumas das razões pelas quais se recorre, constantemente, à tecnologia. Um género de dependência que usa e abusa do tempo que, cada vez mais, parece escassear.

Para ensinar a parar, desligar o wi-fi e conectar com o mundo real, em 2016 surgiu a Offline Portugal: uma casa no Vale da Telha, entre Aljezur e a Praia da Arrifana, pronta a receber quem queira estar longe de estímulos digitais, aproveitar a natureza e participar em atividades de grupo.

Assim que se chega, não há como vacilar: logo à entrada está um cacifo onde ficam os telefones, os computadores ou qualquer outro aparelho tecnológico.

Esta é a casa onde as atividades Offline acontecem. Situa-se no Vale da Telha, entre Aljezur e a praia da Arrifana.

“Sentimos na própria pele, quando viajamos, a forma como as pessoas estão a interagir na sua vida social. Na sua rotina, refugiam-se bastante na internet: em sites para conhecer pessoas, ou nas redes sociais onde o que mostram não é o que sentem, mas sim uma projeção do que querem mostrar”, explicam as responsáveis pelo projeto, Bárbara Miranda — arquiteta, agora instrutora de ioga na Offline House — e Rita Gomes, psicóloga. Por essa razão, as duas amigas decidiram criar a experiência Offline Portugal, para “chamar à atenção destas pessoas, fazer com que tenham consciência do que está acontecer e, assim, consigam seguir por um caminho melhor”.

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Aberta desde 2016, a casa (e o conceito) destina-se a todas as pessoas que queiram reviver a sensação de “quando só nos preocupávamos em passar tempo connosco próprios, com os amigos e com a natureza”. Por isso o ambiente, como ilustram Bárbara e Rita, é muito o de um campo de férias, só que para adultos.

Chegaram as férias detox, para curar o vício do telemóvel

Até agora, 40% dos visitantes têm sido portugueses, os restantes internacionais. Sozinhos, em grupo ou em casal, “há de tudo”, mas principalmente profissionais que precisam de tirar dias de descanso da internet, ou simplesmente quem seja apaixonado por surf ou ioga.

“Uma boa parte vem sobretudo pelas atividades que disponibilizamos e pela zona envolvente. Contudo, acontece algo muito curioso: depois de aqui estarem, apercebem-se que de facto eram muito mais dependentes dos seus equipamentos do que pensavam. E isto para nós é muito importante. É esta a sensibilização para a utilização excessiva que estamos a tentar fazer, de forma subtil e divertida”, dizem Bárbara e Rita.

A ideia é aproveitar o tempo, razão pela qual ele acaba por ser encarado de forma diferente depois da experiência: “A maior parte das pessoas que estiveram aqui reforça a experiência libertadora. Como ganham tempo, acabam por fazer uma reflexão sobre a sua própria vida e muitas pessoas já mudaram de vida depois de deixarem a nossa casa e retomarem as suas rotinas.”

A Offline Portugal recebe quem queira passar apenas um fim de semana ou deixar-se estar por mais tempo. Para isso há semanas temáticas com objetivos específicos. De 31 de março a 21 de abril realiza-se o “Yoga and Dance”, enquanto por altura da Páscoa, de 14 a 21 de abril, é a vez do “Yoga and Wine Retreat“, com provas de vinho realizadas numa adega orgânica da região. E porquê ioga e vinho? As organizadoras explicam: “Não somos extremistas, tudo na vida é uma questão de equilíbrio. O vinho faz parte da nossa cultura. Queremos mostrar que beber vinho ou álcool exige moderação e, por isso, todas as aulas de ioga e meditação são indicadas nesse sentido: o de usufruir, estar presente no momento e se fazerem as coisas com moderação, por forma a atingir o equilíbrio na vida.”

Seguem-se dois retiros de ioga e surf, em maio e junho. Depois, também em junho, o retiro de meditação — Mindfulness, Slow your mind retreat — destinado a pessoas “cuja cabeça nunca pára”.

Em outubro (em data a definir), há ainda um retiro de self love (amor próprio) acompanhado de um psicoterapeuta. Um tema que Bárbara e Rita querem explorar por reconhecerem a importância de “gostarmos de nos próprios para podermos gostar dos outros”. E com menos dependência do wi-fi, se possível.

O quê? Offline Portugal
Quando? Calendário de atividades aqui
Preço: Os valores variam entre os 100€ e os 1090€, de acordo com o tipo de alojamento escolhido, o tempo de estadia e as atividades.