O crescimento da economia portuguesa vai acelerar em 2017, segundo o Banco de Portugal, que aponta para uma subida de 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB). Esta estimativa é mais otimista do que o número apontado no final do ano passado e reflete já o crescimento, acima do esperado, registado em 2016 que se fixou em 1,4%. O crescimento deverá contudo desacelerar para 1,7% em 2018 e para 1,6% no ano seguinte.

Segundo as projeções para a economia portuguesa para 2017-2019, só em 2019, ou seja daqui a três anos é que o produto real deverá situar-se num nível próximo do registado em 2008, “o que ilustra bem a natureza sem precedentes deste último ciclo económico”, assinala o banco central. Para a instituição liderada por Carlos Costa o “ritmo de crescimento é inferior ao necessário para o reinício do processo de convergência real face à área do euro”.

Estas previsões representam uma revisão em alta dos números avançados no boletim económico de dezembro de 2016, sobretudo no crescimento para este ano que passou de 1,4% para 1,8%. Os valores estimados para 2018 e 2019 também foram revistos em alta, mas mais moderadamente. A estimativa para este ano também é superior à que consta do Orçamento do Estado para este ano, mas Mário Centeno já admitiu também elevar a previsão de crescimento para perto dos 2%.

O Banco de Portugal sustenta estas previsões num “crescimento forte das exportações — refletindo um enquadramento económico e financeiro externo favorável e a manutenção de ganhos de quota de mercado — e numa recomposição da procura interna no sentido de um maior dinamismo da formação bruta de capital fixo” (investimento).

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Efeitos de Fátima e Autoeuropa

Outra das notas destacadas é oferta desempenho do turismo, que “será favorecido pela ocorrência em território português de importantes eventos à escala internacional”. Uma referência à visita do Papa no centenário das aparições de Fátima. As contas do BdP incorporam ainda a retoma de produção em unidades de energia e automóvel, setor onde se refere o aumento da capacidade produtiva e de exportação que está a ser preparado na fábrica da Autoeuropa.

As previsões para uma subida de 6% das exportações este ano, contra 4,8% estimados em dezembro, mas a revisão mais acentuada é no investimento que deverá crescer 6,8%, contra uma previsão mais moderada de 4,4%. Igualmente forte foi a revisão em alta da procura interna que deverá acelerar para 2,5%.

O Banco de Portugal antecipa ainda uma queda mais acentuada na taxa de desemprego que este ano deverá ficar nos 9%. Também o nível de criação de emprego foi revisto em alta, isto apesar de o baixo crescimento dos salários reais continuar a condicionar o mercado de trabalho.

Do lado positivo, o destaque vai para o comportamento das exportações, de bens e de serviços, que “tem sido um dos aspetos mais assinaláveis do processo de ajustamento da economia portuguesa, propiciando uma marca de reorientação de recursos produtivos para setores mais expostos à concorrência internacional”. Em 2019, a economia portuguesa deverá estar a exportar mais 60% do que em 2008, em termos reais.

O Banco de Portugal estima que, em 2019 e em termos reais, a economia portuguesa exporte mais 60% do que exportava em 2008.

O investimento é outro fator a salientar nas projeções macroeconómicas. O BdP espera que o investimento empresarial cresça 6% nos próximos três anos, refletindo a necessidade de as empresas reporem o stock de capital. Também é esperado o regresso do investimento em infraestruturas, público e privado, que contará com o motor dos fundos europeus entre 2017 e 2019. As projeções não referem nenhum projeto concreto, mas estão por exemplo anunciadas obras do aeroporto do Montijo e vários investimentos ferroviários.