O governo britânico espera que seja possível alcançar rapidamente um acordo para proteger os direitos dos europeus no país e continuar a ter boas relações com Portugal, disse esta quarta-feira o ministro do Trabalho britânico, Damian Green.

Em entrevista à agência Lusa, o governante reiterou o desejo de chegar a um acordo “muito rapidamente” e proteger os direitos dos cidadãos europeus que trabalham no Reino Unido, nomeadamente sobre as pensões de reforma.

“Nós oferecemos um acordo sobre direitos adquiridos muito cedo, há uns meses atrás, mas os outros países disseram: ‘Ainda não, têm de ativar o artigo 50.º primeiro’. Hoje ativámos o artigo 50.º, por isso esperamos conseguir resolver isto numa fase inicial das negociações”, afirmou.

Estima-se que no Reino Unido residam mais de 400 mil portugueses, dos quais 150 mil registaram-se pela primeira vez na segurança social britânica nos últimos cinco anos, desde 2012. “Nós dissemos que queremos que as pessoas que já cá estão mantenham os seus direitos, tal como o queremos para os cidadãos britânicos que vivem noutros países na UE”, sublinhou Green.

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O governante espera que a saída do Reino Unido da UE não afete as longas relações com Portugal, com quem o país tem a mais antiga aliança diplomática do mundo em vigor, desde 1373, e que as negociações para o ‘Brexit’ terminem de forma positiva.

“Obviamente que temos muito boas relações e sempre tivemos, há séculos, com Portugal e queremos manter os nossos velhos amigos. Mas não são apenas os velhos aliados como Portugal, são outros também. Nós pensamos que há uma lógica enorme em chegar a um fim positivo destas negociações”, disse à Lusa. O ministro do Trabalho e Pensões reafirmou o desejo de uma uma parceria “próxima e especial” com os países europeus.

“Nós pensamos que é bom para nós, mas também para Portugal e para outros países na Europa, porque em termos de comércio, segurança, dos direitos mútuos dos nossos cidadãos, temos muito em comum. Partilhamos valores liberais, valores democráticos, e queremos continuar a fazê-lo, de fora da UE”, concluiu.

O Reino Unido entregou esta quarta-feira em Bruxelas a carta que formaliza a ativação do artigo 50.º do Tratado de Lisboa com vista à concretização do processo de saída da União Europeia, ditada pelo referendo de junho de 2016. A notificação foi concretizada através da entrega de uma carta, em mão, pelo embaixador do Reino Unido junto da UE, Tim Barrow, a Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, no edifício-sede desta instituição.

O designado ‘Brexit’ – que representa a primeira saída de um Estado-membro na história do projeto europeu, iniciado há 60 anos – decorre do resultado do referendo de 23 de junho de 2016, quando 52% dos eleitores votaram pela saída do país da UE, derrotando os 48% que preferiam a permanência.

O dispositivo previsto no tratado europeu determina que as duas partes têm a partir de agora dois anos para chegar a um acordo sobre os termos da separação, que terá implicações políticas, jurídicas, económicas e financeiras.