O presidente da REN, Rodrigo Costa, mostrou-se esta quinta-feira indignado com a proposta do Bloco de Esquerda (BE) de passar a gestão técnica do sistema elétrico para o controlo público, considerando que significaria “nacionalizar parte da empresa”.

Questionado sobre a proposta do BE apresentada na quarta-feira, Rodrigo Costa começou por questionar o objetivo, se é “tentar resolver um problema ou é uma questão meramente ideológica” até a considerar lesiva dos interesses dos acionistas e do país.

“O que está a ser proposto neste momento é uma nacionalização da empresa, uma renacionalização da empresa. Era uma empresa do Estado que foi privatizada e agora há uma proposta para nacionalizar parte da empresa, uma atividade que é talvez a mais importante da empresa”, afirmou o presidente da REN, na conferência de imprensa de apresentação dos resultados relativos a 2016.

Manifestando “alguma indignação” em relação à proposta bloquista, Rodrigo Costa defendeu a vantagem dos serviços associados à rede estarem interligados: “Há uma grande benefício de estar tudo interligado, porque somos muito mais eficazes do ponto de vista de custo”.

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“Era muito difícil olhar para esta empresa e ela ser expurgada de uma parte”, defendeu, realçando que a alteração proposta conduziria a “uma solução menos eficiente” e também menos segura. Neste âmbito, recordou a interrupção recente no abastecimento de eletricidade, durante cinco dias, no sul da Austrália, resultado da falta de coordenação entre as entidades a montante e a juzante do sistema elétrico.

Além de mau para o sistema elétrico, Rodrigo Costa considera a proposta “lesiva do interesse privado”: “Somos uma empresa privada, por acaso o Estado não tem qualquer participação, porque assim o decidiu”. “Se mudar de ideias pode sempre participar, porque a REN está cotada em bolsa”, acrescentou.

O Bloco de Esquerda (BE) apresentou na quarta-feira a proposta para o controlo público da atividade de gestão técnica do sistema elétrico nacional mediante a sua separação da atividade de exploração da rede nacional de eletricidade.

De acordo com a proposta, o objeto é “a separação da atividade de gestão técnica do sistema elétrico nacional da atividade de exploração da Rede Nacional de Transporte de Eletricidade, promovendo maior transparência e independência dos diversos operadores do setor”.