Até este clássico, juntar Judas e Benfica na mesma frase reportava sem pestanejar para Jesus, Jorge Jesus. No entanto, a escala dos ódios de estimação dos adeptos encarnados pode ter sofrido um ligeiro desvio depois do último jogo com o FC Porto, onde Maxi Pereira, o antigo subcapitão dos tricampeões, marcou e deixou tudo em suspenso na Primeira Liga. O uruguaio nem é muito de marcar (primeiro golo da época, segundo pelos dragões) e destaca-se até mais na frente pelas assistências com as mãos nos lançamentos laterais, mas passa agora a figurar num restrito lote de jogadores que marcaram fora ao rival pelos azuis e brancos depois de por lá terem passado. E essa história começa com António Teixeira, o jogador que saiu das águias aos 19 anos para o V. Guimarães e que no ano seguinte chegou ao FC Porto.

O avançado, que começou a jogar à bola no Águias do Alto do Pina e passou pelo Chelas, terminou a formação no Benfica (foi campeão de juniores) e fez por lá os dois primeiros anos como sénior (conquistando também um Campeonato Nacional). De Guimarães para o Porto foi um salto de uma época, tendo entre 1953/54 e 1958/59 sido um autêntico terror nos jogos fora para a Primeira Liga com a anterior equipa: marcou um golo no empate por 2-2 em 1954; apontou o único tento na igualdade a um em 1956; inaugurou o resultado no triunfo por 3-2 em 1958; e fez também o golo no empate por 1-1 em 1959.

Acabaria por terminar a carreira em 1962, como jogador do FC Porto, e com mais dois Campeonatos conquistados. Foi depois treinador de clubes como Leixões, Sp. Braga, FC Porto, Boavista e Ac. Viseu, tendo acabado esse percurso na temporada de 1982/83 após orientar o Marítimo.

O exemplo seguinte foi Abel Miglietti, por sinal o primeiro a trocar diretamente Benfica por FC Porto e a marcar em pleno Estádio da Luz no regresso. E também o fez em dose dupla, com a curiosidade de ter no plantel rival o irmão, Zeca. O avançado inaugurou o marcador da derrota por 3-2 em 1972 e reduziu a desvantagem no desaire por 2-1 do ano seguinte.

Por fim há ainda o caso de Yuran, russo que trocou o Benfica pelo FC Porto em 1995 a par do médio Kulkov e que, mesmo com um ambiente infernal criado à sua volta, marcou o primeiro golo no empate a uma bola.

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