A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos votou esta semana uma proposta legislativa para acabar com as regras de privacidade aplicadas aos fornecedores de Internet norte-americanos.

A ideia é que estes fornecedores passem a poder vender as informações relativas ao histórico de navegação dos utilizadores a empresas de publicidade.

Atualmente, a legislação prevê que os utilizadores tenham de autorizar explicitamente (assinalando essa opção no browser) este uso da informação. Mas a nova proposta legislativa, que já só precisa da assinatura de Donald Trump para avançar, vai acabar com esta possibilidade.

Ao que tudo indica, Trump vai mesmo aprovar a lei. Em comunicado, o gabinete do porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, já confirmou que os conselheiros do presidente o irão aconselhar a aprovar a legislação.

A medida está a dividir democratas — que advogam pela liberdade de escolha do consumidor — e republicanos — que sublinham as vantagens da medida para uma publicidade mais eficaz das empresas.

“Barulho digital” para combater a medida

Indignado com a possibilidade de esta legislação avançar, o programador Dan Schulz decidiu pôr mãos à obra, e criou um sistema que pode ajudar a combater a medida. Chama-se ‘Internet Noise’ e, não evitando que a informação do histórico seja partilhada com empresas de publicidade, enche o histórico de ‘barulho’ para inutilizar a informação.

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O sistema funciona de forma muito simples. É só aceder ao Internet Noise e clicar em ‘Make some noise”. A partir daí, é aberto um separador em segundo plano que vai acedendo a páginas de internet completamente aleatórias e vai pesquisando termos ao acaso no Google.

Desta forma, o histórico ficará cheio de informação aleatória que acaba por inutilizar o próprio histórico. Isto porque a ideia das empresas de marketing é precisamente usar o histórico para traçar um perfil do utilizador e direcionar a publicidade mais adequada aos hábitos da pessoa.

Com um histórico sem uma lógica consistente — porque o Internet Noise visita páginas bastante improváveis e sem ligações umas com as outras — todo o propósito se perde.

O Observador usou o Internet Noise durante 15 segundos, o suficiente para o robô visitar o site Ali Express para procurar termómetros, passar por um artigo de opinião no The State e pesquisar no Google por “pneu setembro”.

Segundo Schulz, os utilizadores que puserem o Internet Noise a correr durante o tempo em que navegam na Internet vão impedir os fornecedores de criarem um perfil credível. Se se tornar popular, o robô poderá mesmo inviabilizar a transação de informações de navegação e ajudar a reverter a medida.