A quantidade de pneus usados recolhidos estabilizou em 2016, nas 83,5 mil toneladas, pouco mais de metade destinada a reciclagem, para granulado de borracha, transformado em relvado sintético ou pavimento, segundo dados da Valorpneu.

Esta entidade, que é a gestora do Sistema Integrado de Gestão de Pneus Usados (SGPU), recolhe os pneus em final de vida e a ligeira descida de 0,3% registada em 2016 leva a sua diretora-geral a dizer, em declarações à agência Lusa, que “existe uma estabilização”.

Segundo Climénia Silva, a maior parte dos pneus velhos recolhidos (56%, ou 47.099 toneladas) destina-se a reciclagem e são transformados em granulado de borracha, material que é principalmente utilizado para relvados sintéticos, diversos pavimentos (37%) ou indústria de isolamentos (5,5%).

A responsável realçou que “todos os pneus recolhidos são valorizados” e, além daqueles que são reciclados, 15% são recauchutados, 1% reutilizados e 28% usados como fonte de energia.

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A diretora-geral explicou o processo seguido pelo sistema de recolha e encaminhamento dos pneus, a partir dos 49 pontos onde são recebidos estes resíduos, mais nos distritos de Lisboa e Porto (16% e 15% do total nacional, respetivamente).

“O destino na hierarquia de gestão de resíduos que deveremos privilegiar é a recauchutagem, dado que os pneus através deste processo poderão voltar, com segurança, à circulação”, seguindo-se a reciclagem, de acordo com a capacidade instalada nos três recicladores nacionais e com as condições de mercado para os produtos derivados do processo.

Uma das utilizações do granulado de borracha é na construção, nomeadamente nos pavimentos das estradas, mas também pode ser em edifícios ou em mobiliário urbano, e Climénia Silva apontou os obstáculos à comercialização devido à inércia e resistência à mudança das empresas e dos profissionais do setor, mas também “a deficiente perceção da qualidade dos materiais”.

Na semana passada, numa intervenção num seminário sobre materiais reciclados, que decorreu em Lisboa, com a participação de agentes do setor da construção e de empresas que fabricam vários tipos de materiais a partir de matéria-prima reciclada, a responsável da Valorpneu listou aqueles problemas.

Apresentou alguns exemplos de projetos inovadores de produtos utilizando como matéria-prima o granulado produzido a partir de pneus velhos, como a EcoKalçada, que substitui os tradicionais paralelepípedos de pedra por outros semelhantes, mas de borracha, ou os pinos de proteção para instalar nas ruas das cidades.

Entre aquelas novas soluções, somente a EcoKalçada está a ser produzida e comercializada, lamentou a diretora geral da Valorpneu, recordando a importância de optar por matérias-primas obtidas a partir da reciclagem de materiais usados, uma forma de proteger os recursos naturais.

Segundo Climénia Silva, cerca de 56% do granulado de borracha de pneus produzido em Portugal é exportado, a maior parte para países europeus, o que “reflete o reconhecimento internacional da sua qualidade”.