O Presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol, Joaquim Evangelista, condena “veementemente” o incidente que ocorreu no jogo do Rio Tinto-Canelas, no passado domingo, em que um jogador da equipa visitante agrediu o árbitro do encontro.

Jogador diz que não se lembra da agressão. Mas já foi expulso da equipa

O dirigente disse esta segunda-feira em Lisboa, à margem de uma cerimónia onde assinou um protocolo para dar inicio a várias ações de formação financeira dos jogadores de futebol, que “o respeito entre colegas é indispensável” e que “a família do futebol tem que começar a dar exemplos” porque “há muita crispação no futebol e muita tolerância em relação e estas práticas” e “temos todos que exercer o nosso papel de cidadania ativa desportiva”.

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Num ano que ainda nem vai a meio, já se registaram em Portugal mais de 40 agressões a árbitros, o dirigente chama a atenção para um problema com várias frentes, que não passa apenas por “educar” os jogadores.

“Não são só os jogadores, também são os dirigentes e os clubes. É preciso mudar o clima, é preciso que se respire futebol e isso não tem sucedido. A pedagogia do sindicato também abrange as questões educacionais e estou convencido de que um jogador educado não terá uma atitude destas. Quando se verificam situações destas, o desporto não está a exercer o seu papel na sociedade”, disse o presidente do SJPF.

Joaquim Evangelista continua a ver estas situações como exceções e não como a regra no futebol e acredita que a grande maioria dos jogadores não se revê no comportamento do jogador do Canelas. Isso não quer dizer que não sejam precisas penas mais pesadas.

“O sucedido tem que ter consequências exemplares. É inaceitável um colega agredir outro dentro da quatro linhas, seja um jogador, um árbitro ou um treinador. Deve haver respeito mútuo e penas mais duras, com certeza”, disse o presidente.

Na mesma linha pedagógica, o dirigente assume ter “uma grande confiança” na arbitragem portuguesa e que o “incomoda” que muitos jovens que “alberguem o sonho de serem árbitros possam desistir por causa destes casos”. Não é fácil mudar comportamentos, diz Evangelista, mas tem de se “fazer esse esforço” porque “ao mesmo tempo que fomos campeões da Europa, continuamos a ter estes problemas”. Tudo se resume ao que parece ainda existir entre os vários intervenientes num jogo de futebol. “Tem que haver mais humanidade no futebol, há uma grande distância entre as pessoas, há uma grande ‘clubite’, vale quase tudo e isso não é possível. Os dirigentes têm que passar mensagens de responsabilidade, que cheguem aos adeptos também”, concluiu Joaquim Evangelista.