Pelo menos 72 pessoas morreram, entre elas 20 menores, e dezenas ficaram feridas num ataque aéreo envolvendo gás tóxico na cidade de Khan Cheikhoun, no noroeste da Síria, revelou o Observatório para os Direitos Humanos na Síria, citado pela agência Reuters. A organização não-governamental, que cita fontes médicas e ativistas, indica que alguns feridos do ataque, perpetrado por aviões não identificados, apresentavam sintomas de asfixia, vómitos e dificuldade de respirar.

O anterior balanço dava conta de 58 vítimas mortais.

O hospital que recebeu os feridos foi entretanto, noticiou o correspondente da Agência France-Presse no local, alvo de ataque aéreo com bombas. A mesma fonte indicou que o bombardeamento visou uma parte do hospital e que alguns médicos foram vistos no meio dos escombros.

O opositor Conselho Local de Khan Cheikhoun precisou, num comunicado divulgado na sua página de Facebook, que houve quatro bombardeamentos com bombas termobáricas que continham gás cloro e gás sarin. Acrescenta que morreram 30 pessoas e cerca de 200 ficaram feridas.

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O Conselho publicou fotografias de várias vítimas do ataque, alguns menores de idade, deitadas no chão. Numa delas pode ver-se uma equipa de emergência a molhar com água o corpo de um jovem. Entretanto, a oposição síria já apelou ao Conselho de Segurança da ONU que abra com urgência um inquérito sobre o ataque com “gás tóxico” perpetrado, segundo disse, pelo regime de Bashar al-Assad no noroeste do país.

Segundo o Observatório, dois menores morreram durante a noite num outro ataque, com barris de explosivos lançados por helicóptero numa outra localidade, igualmente a província de Idlib. A defesa civil Síria, composta por voluntários que se dedicam a trabalhos de resgate em áreas fora do controlo do Governo, assinalou na sua conta do Twitter que durante a noite, neste ataque, ficaram feridas pelo menos 20 pessoas, entre elas menores de idade e mulheres. Acrescenta que os barris continham igualmente substâncias tóxicas.

A maior parte da província de Idlib está sob controlo de fações rebeldes e islâmicas, entre elas o Organismo de Libertação do Levante, a aliança formada em torno da ex-filial síria da Al Qaeda.

Nos últimos dias têm-se registado vários bombardeamentos, alegadamente com gases, no norte da Síria. No passado dia 30 de março, mais de 50 pessoas ficaram feridas ou com sintomas de asfixia devido a ataques com aviões e helicópteros não identificados, alguns com substâncias químicas, na província de Hama, vizinha de Idlib.

Paris exige reunião “urgente” do Conselho de Segurança após ataque químico

A França exigiu esta terça-feira “uma reunião de urgência” do Conselho de Segurança das Nações Unidas na sequência de “um novo ataque químico particularmente grave na Síria”, anunciou o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Marc Ayrault.

Em comunicado, Jean-Marc Ayrault condenou o ataque – denunciado pelo Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) – como um “ato ignóbil”.

“As primeiras informações dão conta de um elevado número de mortos, entre os quais crianças” na província de Idleb, indicou o ministro.

O chefe da diplomacia francesa realçou que “a utilização de armas químicas constitui uma inaceitável violação da Convenção sobre a Interdição de Armas Químicas (CIAC) e um novo testemunho da barbárie de que o povo sírio é vítima há tantos anos”.

Por isso mesmo, explicou, a França “exigiu a convocatória de uma reunião de urgência do Conselho de Segurança da ONU”.

Já a chefe da diplomacia da UE, a italiana Federica Mogherini, acusou diretamente o regime de Bashar al-Assad de ser “o principal responsável” pelo ataque químico.

“Hoje, as notícias são horríveis. Evidentemente que a principal responsabilidade vai para o regime” sírio, declarou Mogherini.

Os ativistas sírios descreveram o ataque como um dos piores com gás tóxico no país em seis anos de guerra civil e disseram não ter ainda indicação sobre qual o tipo de gás utilizado.

De acordo com os mesmos ativistas, o ataque em Khan Cheikhoun, província de Idleb, foi causado por um bombardeamento aéreo levado a cabo ou pelo governo sírio ou pela aviação russa.

A oposição síria já pediu ao Conselho de Segurança da ONU que abra com urgência um inquérito sobre o ataque com “gás tóxico” perpetrado, segundo disse, pelo regime de Bashar al-Assad no noroeste do país.