A Economist Intelligence Unit considerou esta terça-feira que o carvão pode ser a maior fonte de receitas de exportação para Moçambique a médio prazo, devido ao aumento da segurança no centro do país e à subida dos preços internacionais.

“Apesar de a perspetiva global não dar conforto a um país que aposta no setor, nós antecipamos que o aumento da produção fará com que o carvão seja a maior fonte de receitas de exportação no médio prazo”, escrevem os peritos da unidade de análise económica da revista britânica The Economist.

Numa análise ao setor do carvão em Moçambique, enviada esta terça-feira aos investidores, e a que a Lusa teve acesso, os analistas da Economist escrevem que “depois de um período em que os preços bateram no fundo e em que os riscos de segurança subiram bastante, há renovado fôlego na indústria do carvão em Moçambique”.

Para estes analistas, o otimismo e o renovado empenho das empresas justifica-se por dois motivos: “o primeiro é o preço internacional, que recuperaram fortemente desde que bateram no mínimo dos últimos dez anos no primeiro trimestre de 2016”, e o segundo é “a melhoria na situação de segurança no centro de Moçambique à medida que os receios de ataques da Renamo a infraestruturas de transporte de carvão desvanecem”.

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Com reservas estimadas acima de 20 mil milhões de toneladas, o Governo tem “repetidamente afirmado que Moçambique pode ser um dos dez maiores produtores de carvão”, e o empenho das empresas parece confirmar o otimismo.

Na análise ao setor, a EIU aponta como exemplos deste otimismo empresarial no país a venda da brasileira Vale à japonesa Mitsui de 15% da mina de Moatize, na província de Tete e de 50% da participação no Corredor de Nacala.

Diz ainda que “só o aumento da produção na mina de Moatize, de 8,7 milhões de toneladas em 2016 para 13 milhões em 2017 e 18 milhões em 2018 deve provavelmente ser suficiente para o carvão ultrapassar o alumínio como a maior fonte de receitas de exportação em Moçambique este ano”.

Outro exemplo apontado pela EIU é o facto de o consórcio de cinco empresas indianas – International Coal Ventures Limited – ter anunciado o relançamento das operações na mina de Benga, enquanto a Jindal Power and Steel retomou a produção na mina de Chirodzi em outubro de 2016.

Assim, concluem os analistas da Economist, “apesar de a indústria do carvão não ser imune às tendências ditadas pela China, a dinâmica na Índia, o principal destino de exportação, é mais importante”, uma vez que o crescimento de 5% anual na procura, o investimento das empresas indianas em Moçambique e o abrandamento dos planos para aumentar a oferta interna, pensamos que o país vai continuar a ser um mercado-chave para o carvão moçambicano.