As recentes afirmações do presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, voltaram a ser alvo de críticas esta terça-feira durante um debate sobre a crise grega no Parlamento Europeu em Estrasburgo, e a que o visado faltou.

A eurodeputada Maria João Rodrigues (PS) salientou que as palavras do presidente do fórum informal dos ministros das Finanças da zona euro “refletem uma a solução errada para resolver esta crise”.

“Alguns Estados-membros foram profundamente atingidos por esta crise não pela razão simplista de indisciplina orçamental e económica mas sobretudo porque foram expostos à violência da crise financeira sem que a União Económica e Monetária estivesse preparada para os defender”, salientou.

Por seu lado, José Manuel Fernandes (PSD) sublinhou que as afirmações de Dijsselbloem são “inaceitáveis” e “maniqueístas”. “Não há, de um lado, os puros e, do outro, os pecadores, os do norte e os do sul, os contribuintes líquidos e os beneficiários líquidos. Somos todos europeus”, disse o deputado.

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A deputada europeia socialista considerou ainda que Dijsselbloem “não está à altura de ser presidente do Eurogrupo”, enquanto o social-democrata assinalou a “irresponsabilidade” de quem “não percebe os enormes sacrifícios feitos pelos povos que tiveram programas de ajustamento”.

O presidente do Eurogrupo reiterou esta terça-feira, numa carta enviada a dois eurodeputados espanhóis, nunca ter tido a intenção de ofender os países do sul da Europa, insistiu que as suas declarações foram mal interpretadas, e disse estar totalmente empenhado em prosseguir as suas funções.

Dijsselbloem promete ser “mais cuidadoso no futuro”

Numa altura em que se encontra sob um coro de críticas do Parlamento Europeu, na sequência da entrevista ao jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung, mas também por não se ter disponibilizado a participar esta terça-feira num debate no hemiciclo europeu sobre o programa de assistência à Grécia, Dijsselbloem dirigiu esta terça-feira uma carta a dois eurodeputados espanhóis que o haviam interpelado em 27 de março passado, após ter dito que não se pode pedir ajuda depois de se gastar todo o dinheiro em álcool e mulheres.

“Na entrevista ao Frankfurter Allgemeine Zeitung, sublinhei a importância da solidariedade e reciprocidade no seio da União Europeia. Argumentei que a moldura acordada é crucial para a confiança na zona euro, tanto no mundo exterior como entre Estados-membros. Para que haja solidariedade entre os Estados-membros, algo que prezo muito, é crucial que todos mostrem comprometimento e responsabilidade”, escreve Dijsselbloem na carta datada desta terça-feira e divulgada em Bruxelas.

O ministro das Finanças holandês reitera ainda que considera abusiva a ligação das suas palavras à situação em países do Sul da Europa durante os anos da crise.