A Festa do Cinema Italiano sopra 10 velas no bolo, tem um desenho exclusivo de Milo Manara no cartaz este ano e começa esta quarta-feira, prolongando-se até dia 13. Vai exibir cerca de 50 filmes nas suas várias secções, entre obras recentes variadas, homenagens a nomes grandes do cinema transalpino e títulos de uma temática, autor ou região específica (este ano, teremos produções napolitanas). Além de Lisboa, a Festa irá estender-se ainda a Almada, Setúbal, Porto e Coimbra. Na capital, haverá filmes e outras actividades e iniciativas paralelas (caso dos concertos ou da gastronomia) no Cinema São Jorge, Cinemas UCI-El Corte Inglés, Cinemateca, Caixa Económica Operária, Mercado de Santa Clara, Belas Artes, Artusi e Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa. Eis sete selecções da programação deste ano.

Homenagem a Dino Risi

O grande acontecimento desta Festa do Cinema Italiano é a homenagem a Dino Risi (celebraram-se os 100 anos do seu nascimento o ano passado), que foi um dos “pais” e um dos expoentes máximos da “comédia à italiana”, juntamente com Mario Monicelli, Luigi Comencini e Alberto Lattuada, e que vai decorrer na Cinemateca. Passam dez filmes em cópias restauradas, realizados entre 1957 e 1980. E não apenas alguns dos mais conhecidos e divulgados comercialmente de Risi, como “A Ultrapassagem”, “Vejo Tudo Nu”, “Os Monstros” ou “Perfume de Mulher”, mas também títulos que há muito não são vistos em Portugal.

É o caso de “Pobres mas Belas”, com Renato Salvatori e Marisa Allasio; “O Viúvo Alegre”, com o enorme Alberto Sordi; “O Gaúcho”, com Vittorio Gassman, Nino Manfredi e a recentemente falecida Silvana Pampanini; “Golpe de Mestre à Napolitana”, com Nino Manfredi, o imortal Totò e Senta Berger; “Uma Vida Difícil”, com Sordi, Lea Massari e Franco Fabrizi; e “Sou Fotogénico”, com Renato Pozzetto, Aldo Maccione e Edwige Fenech. Uma oportunidade de ouro para ver alguns filmes emblemáticos de Dino Risi, e de um género onde cada gargalhada tem sempre um travo amargo, o riso maquilha o drama, e a farsa e a sátira deixam à mostra os aleijões e os vícios crónicos, mas também as virtudes as qualidades dos italianos. Uma das quais (e das maiores) é saberem rir de si próprios.

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“Suspiria”, de Dario Argento

Um dos monumentos de terror de Dario Argento, primeiro filme da trilogia das ‘Três Mães’ (com “Inferno” e “Mãe das Lágrimas-A Terceira Mãe”), faz 40 anos e é exibido em cópia restaurada. Uma estudante americana (Jessica Harper) chega a uma escola de bailado na Alemanha e descobre que é uma fachada para um grupo de bruxas (incluindo Joan Bennett, no seu último filme, e Alida Valli) que veneram a Rainha Negra, uma feiticeira velha de séculos . Escrito por Argento e pela então sua namorada, Daria Nicolodi, fotografado em Technicolor luxuriante por Luciano Tovoli e com uma fabulosa e “maléfica” banda sonora dos Goblin, “Suspiria” é um paroxismo de terror sobrenatural com pinceladas surreais e uma atmosfera de pesadelo acordado.

“Gomorra-La Serie”

É na Festa do Cinema Italiano que se vai fazer a antestreia da segunda temporada da série “Gomorra”, baseada no livro de Roberto Saviano que também foi já um filme, realizado por Matteo Garrone em 2008 e vencedor do Grande Prémio do Júri no Festival de Cannes. São 12 novos episódios que se centram no aparente vazio de poder deixado em Nápoles pelo fim da era dourada do clã Savastano. Muitos querem ser os novos senhores da Camorra e Ciro faz uma aliança com Salvatore Conte para pôr de pé um novo império da droga. Mas talvez o velho poder, na pessoa de Don Pietro, que está escondido mas se tem mantido informado sobre tudo o que se passa, ainda tenha uma palavra a dizer.

“Sonhos Cor-de-Rosa”, de Marco Bellochio

O novo filme do consagrado Marco Bellochio abre a Festa 2017. Baseado num romance de Massimo Gramellini e interpretado por Valerio Mastandrea e Bérénice Béjo, a história passa-se em dois tempos, a década de 60 e os anos 90. Massimo perde a mãe aos nove anos, em circunstâncias misteriosas. Quase 30 anos mais tarde, o mesmo Massimo, agora homem feito e jornalista, começa a ter ataques de pânico depois de ter feito uma reportagem em Sarajevo e quando tem que tratar da venda da casa dos pais, e vai procurar ajuda profissional para conseguir superar o trauma de infância que o atormenta.

“Amigos Amigos, Telemóveis à Parte”, de Paolo Genovese

A comédia de costumes não se extinguiu em Itália, como se pode ver por este filme, no qual os telemóveis entram em cena para desequilibrar as relações entre as pessoas. Sete amigos de longa data juntam-se num jantar. A certa altura da refeição, um deles propõe jogar um jogo social peculiar, como que uma modalidade da roleta russa com os telemóveis, pedindo que os conteúdos privados destes, entre mensagens, conversas no WhatsApp, vídeos ou chamadas, sejam revelados colectivamente. Já que todos são grandes amigos e não têm nada a esconder uns dos outros. Ou terão?

“7 Minuti”, de Michele Placido

Sobejamente conhecido em Portugal pelos seus papéis no cinema e na televisão (aqui, em especial pela série de culto “O Polvo”) e também como realizador. Michele Placido é o autor de “7 Minuti”, o seu mais recente filme atrás das câmaras, e também um exemplo de cinema social que tanta tradição tem em Itália. Os novos proprietários de uma fábrica de têxteis não planeiam fazer despedimentos, e querem apenas introduzir uma medida especial, que reduz a hora de almoço em sete minutos. Será que todas as operárias a vão aceitar sem contestação? E que diferença poderão fazer nas suas vidas esses aparentemente anódinos sete minutos? O filme baseia-se numa peça de teatro, que por sua vez é a dramatização de um facto real ocorrido em França.

“Piuma”, de Roan Johnson

Esta comédia esteve em competição no Festival de Veneza e põe em cena um casal de jovens namorados, Ferro e Cate, que vê a sua vida complicar-se por causa de uma gravidez inesperada. Os nove meses que se seguem vão ser os mais emocionantes mas também os mais complicados do casal. Ferro e Cate estão postos entre terem que aceitar novas e pesadas responsabilidades, e quererem ainda levar a vida com a leveza própria da idade que têm. O acontecimento vai também ter repercussões surpreendentes nas suas respectivas famílias.