Não existem vacinas para todas as pessoas, nem em Portugal nem na Europa, admitiu esta terça-feira o diretor-geral de Saúde, Francisco George, que, no entanto, garantiu existirem suficientes para tratar os doentes que mais precisam. Na mesma conferência de imprensa, reiterou que as autoridades de saúde estão a trabalhar para controlar o surto de Hepatite A em Portugal. Francisco George afirmou que existem “problemas muito complicados de resolver” agora que o Estado decidiu absorver toda a responsabilidade de administração das vacinas porque tem que as que as readquirir do privado (farmácias).

Em conferência de imprensa, Francisco George afirmou que as vacinas disponíveis estão a ser geridas para dar resposta, em primeiro lugar, aos casos mais avançados, tendo já sido administradas aquelas mais urgentes, cerca de 25. Dada a natureza da doença, a Hepatite A pode ser parada depois de ser contraída, através da vacina. A DGS identificou três grupos de risco, que têm prioridade na vacinação: pessoas que tenham estado em contacto próximo com outras que estejam já infetadas, população homossexual com práticas sexuais de risco para a transmissão da doença (sexo oral e anal) e viajantes.

“Já foram administradas algumas dezenas de vacinas a quem mais precisava. O comité de especialistas foi chamado a reunir, incluindo com o Infarmed, para fazer uma reavaliação das doses disponíveis e perceber qual é a forma mais adequada, mas eficaz, para podermos proteger quem mais precisa”, disse o responsável.

Francisco George disse que “não há vacinas para todos” mas pediu aos meios de comunicação social que ajudem a população a entender que o Estado está a “gerir a administração” fazendo uma espécie de triagem para que os que mais precisam recebam a vacina de forma a “interromper a cadeia de transmissão da doença”. O diretor-geral explicou que a Hepatite A tem um período de incubação longo, de 30 dias ou mais, e por isso “há tempo para quem tenha um contacto hoje de interromper o aparecimento da doença, porque a vacina faz efeito depois de adquirido o vírus”.

A Direção-Geral da Saúde está a preparar, para apresentar ainda esta semana, um novo conjunto de regras para a prevenção e vacinação que conta com a colaboração de vários médicos e académicos e que deverá incluir conselhos para aqueles que estão a pensar passar férias nos festivais de verão. Francisco George está confiante de que as doses aplicadas até agora tenham efeito na redução do número de casos no próximo mês, tendo em conta o período de incubação do vírus.

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