Os bebés da Dinamarca, da Alemanha e do Japão são os que choram menos e os bebés do Reino Unido, Canadá e Itália os que choram mais, conta o The Guardian, que cita uma publicação científica sobre pediatria. A investigação, que analisou outros 28 estudos independentes e contou com a participação de cerca de 8.700 bebés, foi a primeira a criar um gráfico de choro a nível mundial relacionado com a prevalência de cólicas nos primeiros três meses de vida de cada um.

Em média, os bebés choram duas horas por dia nas primeiras duas semanas de vida. Atingem um pico de duas horas e 15 minutos às seis semanas e às 12 o choro baixa para uma hora e dez minutos. No entanto, podem observar-se grandes variações no choro de criança para criança. Há bebés que chegam a chorar mais de cinco horas e outros que não passam de 30 minutos por dia.

O choro dos bebés varia muito nas primeiras semanas de vida – há grandes variações, mas normais. Podemos aprender mais quando olhamos para culturas em que eles choram menos e isso pode dever-se à paternidade ou a outros fatores relacionados com a gravidez ou com a genética”, revelou Dieter Wolke, um dos autores do estudo e professor no departamento de Psicologia da Universidade de Warwick (Inglaterra).

Acredita-se que as principais diferenças no choro dos bebés de país para país possam ter a ver com os níveis de desigualdade social, com os cuidados e o estilo de vida maternais e com os padrões da alimentação, por exemplo, amamentar ou dar de biberão.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Wolke vê a tabela universal de choro como uma mais valia para os profissionais na área da saúde, com o objetivo de ajudar e tranquilizar os pais a entender o choro que é esperado durante os primeiros meses de vida do bebé e até a aconselhar a procura de ajuda extra em casos mais extremos.

E porque é que os bebés da Dinamarca são mais felizes?

Com o título do segundo país mais feliz do mundo e com um dos melhores sistemas de saúde da Europa, a Dinamarca tem ainda os bebés mais felizes ou, pelo menos, os que choram menos. Porquê? Jessica Joelle Alexander, especialista em parentalidade e uma das autoras do livro The Danish Way of Parenting, admitiu não ter ficado surpreendida com os resultados da investigação, muito por causa do estilo de vida diferente e saudável levado pela maior parte dos dinamarqueses.

O primeiro ano de vida de uma criança é considerado o mais importante na Dinamarca e é visto por uma perspetiva muito diferente dos outros países. Os pais dinamarqueses estão muito menos preocupados em obter uma boa licença de maternidade e paternidade. São muito mais calmos e, se as mães ficam mais tempo de baixa do que o normal, têm menos stress, um melhor contacto e ligação com a criança, rotinas saudáveis e menos choro. Ah, e os bebés dinamarqueses dormem muito ao ar livre”, explicou Alexander.

O estilo de vida cuidado não é o único fator a contribuir para a diminuição do choro dos bebés da Dinamarca. Segundo o The Guardian, a licença de quatro semanas de gestação que é dada à mulher e a duração da licença de parto remunerada também poderão vir a ter benefícios e ajudar no comportamento do bebé. Além disso, outra das explicações que Jessica Joelle Alexander encontra para a diminuição do choro e, consequentemente, das cólicas, é a amamentação, visto que a Dinamarca tem uma das maiores taxas de aleitamento materno do mundo, ao contrário de outros países. “Noutros países, há discussões contínuas sobre se devemos amamentar ou não. Na Dinamarca, a amamentação nunca saiu de moda. E toda a gente fá-lo por um ano” referiu.