Quando Manuel Lamosa vestiu as suas primeiras calças de ganga, em meados de 1974, ainda havia poucas à venda em Portugal. “As que existiam eram básicas, sempre com o mesmo fiting e corte. E eu queria mais”, conta. Nessa altura Portugal abria-se à democracia, com o 25 de Abril, e o empresário abria-se ao fantástico mundo do denim. “Pedi a dois tios alfaiates que me ajudassem a costurar um par de jeans só meus e nesse dia apaixonei-me pela arte de fazer calças de ganga.”

À boca de sino, dois tamanhos acima ou com rasgões — os jeans podem ter mudado muito desde os anos 70 mas o que é certo é que nunca deixaram de fazer parte da vida de Manuel Lamosa (nem da humanidade em geral). Ligado à indústria há mais de 30 anos, com atelier montado em Guimarães, em meados de 2016 o CEO resolveu acrescentar mais uma costura a esta história e fundou a Aly John.

O nome da marca vem de uma alcunha de juventude (relacionada com o pugilista Muhammad Ali) e do filho mais novo, João Lamosa, responsável pela parte criativa. E por trás da Aly John esconde-se um único tecido — a ganga — trabalhado em vários cortes e peças femininas, num segmento que os responsáveis classificam como premium.

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“Somos a resposta para quem procura jeans de qualidade, não somos a opção fast fashion“, resume o fundador da marca.

Das mom jeans às skinny, todas as calças custam mais de 140 euros (nalguns casos chegam quase aos 400) e aspiram à intemporalidade, contando para isso com o corte e o tecido. “O denim só por si é um material duradouro, mas existem peças que sobrevivem melhor à mudança e se tornam ícones”, diz Manuel Lamosa. “É isso que fazemos com os nossos jeans: tornamo-los imortais. No fundo apostamos em cortes clássicos e lavagens pouco forçadas e escolhemos trabalhar com selvedge denim, por se tratar de um material ainda mais resistente e especial.”

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“Ganga em estado puro”, como os responsáveis da marca gostam de lhe chamar, o selvedge denim é desenvolvido em teares de lançadeira e é uma espécie de denim cru em que, ao contrário do que é habitual, “os rolos são mais estreitos e fabricados com um fio único que corre no tear de um lado para o outro até formar um painel de denim de textura única e original, sem extremidades que se possam desfiar” e muitas vezes sem lavagens posteriores. Segundo Manuel Lamosa, “ao envelhecerem, os selvedge jeans acabam por ganhar as formas e curvas do corpo da mulher que os veste”.

Feitas em Guimarães, por uma equipa familiar que não ultrapassa as seis pessoas, todas as peças da Aly John têm uma frase bordada no forro e, no caso das calças de ganga, podem ser personalizadas pela cliente, que para além do tamanho tem a opção de escolher o comprimento da perna. Ao lado dos jeans — cerca de 15 variedades, lisos, rasgados ou até perfurados — há ainda dois blusões de ganga statement, com letras nas costas e emblemas, e peças de edição limitada como o macacão “Bochechinhas”, salpicado de desenhos e com as mangas e as bainhas desfiadas.

A juntar a tudo isto, em breve a marca prepara-se para lançar as suas primeiras peças masculinas. Porque a ganga também tem isso: é para elas e para eles, universal e democrática.

Nome: Aly John
Data: 2016
Pontos de venda: Online e na loja Un Croquis de Mode (Travessa do Carmo, 1, Lisboa)
Preços: 144€ a 625€

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