O PSD, através do eurodeputado José Manuel Fernandes, considera um “escândalo” que os eurodeputados de PCP e Bloco de Esquerda tenham votado esta quarta-feira no Parlamento Europeu contra um reforço do orçamento comunitário em seis mil milhões de euros para áreas como o desemprego jovem ou o apoio a refugiados. Já a eurodeputada Marisa Matias diz se limitou a votar contra a “precariedade” e “centros de detenções.”

O Conselho Europeu tinha aprovado por unanimidade uma revisão intercalar do Quadro Financeiro Plurianual (QFP) que, de acordo com o eurodeputado José Manuel Fernandes (PSD; PPE), traria “5,2 mil milhões de dinheiro novo para o orçamento e a realocação em zonas mais prioritárias de mais 800 milhões de euros”. Aquela que é a primeira revisão do quadro que vai de 2014 a 2020 acabou aprovado pela maioria no Parlamento Europeu, mas com os votos contra de Marisa Matias (BE), João Ferreira, João Pimenta Lopes e Miguel Viegas (PCP).

Em declarações ao Observador, José Manuel Fernandes considera escandaloso que “o PCP e o Bloco de Esquerda andem sempre a apregoar a defesa do emprego jovem e depois votem contra um programa que quer distribuir apoios de 1,2 mil milhões a essa área e que se diga defensor dos imigrantes e dos refugiados e vote contra um reforço de 3,9 mil milhões nessa área“.

Na resposta, Marisa Matias afirma ao Observador que foram “votadas muito mais normas e alterações” e que é uma “deslealdade” focar-se só num ponto. A eurodeputada bloquista justifica ainda o voto contra dizendo que os 1,2 mil milhões de promoção ao emprego jovem são, na verdade, “para criar estágios, para promover a precariedade“. Quanto ao dinheiro direcionado às migrações, Marisa Matias afirma que é apenas para “aumentar o tempo, para 18 meses, em que os refugiados passam em autênticos centros de detenção para depois serem novamente deportados.” Marisa Matias acrescenta ainda que há “várias propostas, para criação de emprego a sério” que a esquerda europeia apresentou, mas que “o PPE chumbou”.

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José Manuel Fernandes contrapõe que este reforço trará milhões de euros para Portugal “principalmente para o emprego jovem e para o apoio às Pequenas e Médias Empresas”. O reforço de seis mil milhões de euros, para o qual os eurodeputados de PSD, PS e CDS votaram a favor e os de PCP e BE votaram contra, está distribuído da seguinte forma:

  • 2549 milhões de euros para migrações (segurança e cidadania);
  • 1385 milhões de euros para migrações (Plano de Investimento Externo);
  • 1200 milhões de euros para o Emprego Jovem;
  • 200 milhões de euros para o programa Horizonte 2020;
  • 300 milhões de euros para Connecting Europe Facility;
  • 100 milhões de euros para o programa Erasmus +;
  • 100 milhões de euros para o programa COSME;
  • 25 milhões de euros para o programa Wifi4EU;
  • 150 milhões de euros para o programa EFSI 2.o;

O Observador tentou contactar o eurodeputado do PCP João Ferreira, mas não foi possível até à hora de publicação deste artigo.