A JSD emitiu esta quinta-feira um comunicado a condenar o Governo húngaro de Viktor Orbán — líder do partido irmão do PSD na Hungria — pelo “atropelamento à liberdade de investigação científica e académica num país da União Europeia“, o que pode constituir, denunciam os jovens sociais-democratas, uma “violação da Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia”.

Na última-terça-feira, o Parlamento húngaro aprovou um projeto de lei para que a Universidade da Europa Central — CEU, instituição financiada pelo seu inimigo e multimilionário George Soros — fosse encerrada. A nova lei exige que instituições académicas que recebem financiamento de países de fora da União Europeia tenham sede e atividade no país de origem. Ora, a CEU, fundada em 1991, está registada em Nova Iorque, mas não tem campus universitários nos Estados Unidos, sendo assim forçada a fechar portas se não criar uma instituição em solo norte-americano.

A JSD lembra que esta é “uma questão que já mereceu o reparo do Comissário Europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas, que exortou as autoridades húngaras a absterem-se de qualquer decisão que restrinja a liberdade científica e académica e prejudique a reputação académica e as relações da Hungria com os parceiros da União Europeia“. No mesmo texto, a juventude social-democrata denuncia que “limitar ou condicionar, seja de qualquer forma, a liberdade dentro do espaço da União Europeia contraria frontalmente a defesa dos valores da União a que estão obrigados todos os seus Estados-membros.”

Ao Observador, a secretária-geral da JSD, Margarida Balseiro Lopes, considera “inacreditável o que se está a passar na Hungria” e garante que a juventude partidária “não se vai silenciar“. “Se a situação se agravar, o Governo húngaro continuar a restringir outro tipo de liberdades, podemos avançar com outro tipo de iniciativas”, acrescentou a também deputada do PSD.

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Margarida Balseiro Lopes acrescenta, “caso existissem dúvidas, as declarações do ministro da Educação húngaro, demonstram que o objetivo era mesmo atingir George Soros”. O governante com a pasta da Educação na Hungria, Zoltan Balog, acusou Soros na terça-feira de querer “influenciar a política na Hungria através de organizações pseudo-cívicas que, na realidade, agem como agentes estrangeiros, criticando o governo legal do país”.

Sobre o facto do partido do Governo ser o Fidesz — partido irmão do PSD e da mesma família europeia, o Partido Popular Europeu — a secretária-geral da JSD não se sente minimamente melindrada. “O facto de ser um partido da família do PSD não se sobrepõe aos nossos valores e à defesa dos Direitos Humanos“, explicou a dirigente da “jota” do PSD. Além disso, lembra que “toda a bancada do PSD aprovou há um mês e meio um voto de condenação do Bloco de Esquerda a condenar a forma como o Governo húngaro detém refugiados e imigrantes que entram nas suas fronteiras”.

Margarida Balseiro Lopes acrescenta ainda que “ao contrário dos partidos de esquerda que tentam branquear aquilo que se passa nos países onde os partidos da mesma família política cometem atos semelhantes, como é o caso do Syriza na Grécia ou do Podemos que atacou a comunicação social em Espanha e sobretudo na Venezuela, nunca nos verão a ter atitudes semelhantes.”