No final do encontro, ainda na flash interview da Sport TV, Jorge Jesus mostrou um misto de crença e dúvida sobre a possibilidade de Bas Dost poder ganhar a Bota de Ouro. Crença, claro está, porque o holandês tem um instinto como há muito não se via nos leões, mostrando capacidade para poder arrancar golos de empreitada em cada jogo; dúvida porque na corrida estão também alguns dos melhores avançados do Mundo. Compreende-se, é sensato.

Ainda assim, não deixou de ser curiosa a forma como o treinador do Sporting, um dos poucos treinadores com mais 500 jogos na Primeira Liga (o homem sabe do que fala), escolheu desde logo os dois principais adversários: Messi, que já foi considerado cinco vezes o melhor do Mundo e joga na equipa com maior facilidade em arrancar goleadas (apesar de hoje o Barcelona ter perdido com o Málaga); e Lewandowski, que de acordo com o técnico joga num conjunto com grande facilidade de marcar golos como o Bayern (que hoje goleou o Borussia Dortmund).

De Cavani, só a dúvida de que possa realmente entrar na corrida. E percebe-se porquê: o campeonato francês tem uma ponderação distinta, o que relega o uruguaio para outros patamares (27 golos valem 40,5 pontos, quando os atuais líderes têm 54). O Observador foi fazer as contas e, de facto, tudo será decidido até à última e entre os três nomeados por Jorge Jesus que, se repetissem a façanha da primeira volta, terminariam em simultâneo com 33 golos!

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Certo é que, qualquer que seja o resultado final da disputa, Bas Dost já deixou a sua marca. E arrisca-se mesmo a suceder a Yazalde e Jardel como o terceiro jogador a conquistar a Bota de Ouro pelo Sporting. Isto enquanto vai batendo registos atrás de registos, num rolo compressor que só agora se está a arrastar também para a equipa. Pela altura, parece um pinheiro, mas na verdade tornou-se sobretudo um eucalipto pela forma como seca tudo à volta. E, à data de hoje, lidera a corrida por ter menos jogos realizados do que Messi.

Os números dos maiores candidatos à Bota de Ouro são então os seguintes:

Bas Dost, Sporting (27 golos: 25 jogos, 2.170 minutos)
V. Setúbal (fora)
Benfica (casa) – 1 golo na primeira volta
Sp. Braga (fora)
Belenenses (casa) – 1 golo na primeira volta
Feirense (fora) – 2 golos na primeira volta
Desp. Chaves (casa) – 2 golos na primeira volta

Messi, Barcelona (27 golos: 27 jogos, 2.229 minutos)
Real Sociedad (casa)
Real Madrid (fora)
Osasuna (casa) – 2 golos na primeira volta
Espanyol (fora) – 1 golo na primeira volta
Villarreal (casa) – 1 golo na primeira volta
Las Palmas (fora) – 1 golo na primeira volta
Eibar (casa) – 1 golo na primeira volta

Lewandowski, Bayern (26 golos: 28 jogos, 2.326 minutos)
Bayer Leverkusen (fora)
Mainz (casa) – 2 golos na primeira volta
Wolfsburgo (fora) – 2 golos na primeira volta
Darmstadt (casa)
RB Leipzig (fora) – 1 golo na primeira volta
Friburgo (casa) – 2 golos na primeira volta

Aubameyang, B. Dortmund (25 golos: 26 jogos, 2.299 minutos)
Eintracht Frankfurt (casa) – 1 golo na primeira volta
B. Mönchengladbach (fora) – 2 golos na primeira volta
Colónia (casa)
Hoffenheim (casa) – 1 golo na primeira volta
Augsburgo (fora)
Werder Bremen (casa)

Luis Suárez, Barcelona (24 golos: 29 jogos, 2.334 minutos)
Real Sociedad (casa)
Real Madrid (fora) – 1 golo na primeira volta
Osasuna (casa) – 1 golo na primeira volta
Espanyol (fora) – 2 golos na primeira volta
Villarreal (casa)
Las Palmas (fora) – 2 golos na primeira volta
Eibar (casa) – 1 golo na primeira volta

A título de curiosidade, aqui fica também a lista dos jogadores que já venceram o troféu, com destaque para todos os jogadores e equipas portuguesas aqui representados (e que não são assim tão poucos, acrescente-se). Numa breve explicação, o troféu foi atribuído entre 1968 (ganho por Eusébio) e 1991, altura em que a Federação de Futebol do Chipre se queixou das contas por considerar que havia um jogador no seu campeonato com mais golos. Por isso, daí até 1996 encontrará nomes que pode não conhecer de campeonatos que garantidamente nunca assistiu. Nesse ano, a European Sports Media agarrou nas rédeas e instituiu um sistema de ponderação por golo, variável entre 1, 1,5 e 2, onde estão as principais ligas europeias, entre as quais Portugal.

2016: Luis Suárez (Barcelona), 40 golos (80 pontos)
2015: CRISTIANO RONALDO (Real Madrid), 48 golos (96 pontos)
2014: CRISTIANO RONALDO (Real Madrid) e Luis Suárez (Liverpool), 31 golos (62 pontos)
2013: Lionel Messi (Barcelona), 46 golos (92 pontos)
2012: Lionel Messi (Barcelona), 50 golos (100 pontos)
2011: CRISTIANO RONALDO (Real Madrid), 40 golos (80 pontos)
2010: Lionel Messi (Barcelona), 34 golos (68 pontos)
2009: Diego Forlán (Atl. Madrid), 32 golos (64 pontos)
2008: CRISTIANO RONALDO (Manchester United), 31 golos (62 pontos)
2007: Francesco Totti (Roma), 26 golos (52 pontos)
2006: Luca Toni (Fiorentina), 31 golos (62 pontos)
2005: Thierry Henry (Arsenal) e Diego Forlán (Villarreal), 25 golos (50 pontos)
2004: Thierry Henry (Arsenal), 30 golos (60 pontos)
2003: Roy Makaay (Deportivo), 29 golos (58 pontos)
2002: Mário Jardel (SPORTING), 36 golos (72 pontos)
2001: Henrik Larsson (Celtic), 35 golos (52,5 pontos)
2000: Kevin Phillips (Sunderland), 30 golos (60 pontos)
1999: Mário Jardel (FC PORTO), 36 golos (72 pontos)
1998: Niklos Machlas (Vitesse), 34 golos (68 pontos)
1997: Ronaldo (Barcelona), 34 golos (68 pontos)
1996: Zviad Endeladze (Margveti), 40 golos
1995: Arsen Avetisyan (Arménia), 39 golos
1994: David Taylor (Porthmadog), 43 golos
1993: Ally McCoist (Glasgow Rangers), 34 golos
1992: Ally McCoist (Glasgow Rangers), 34 golos
1991: Darko Pancev (Estrela Vermelha), 34 golos
1990: Hugo Sánchez (Real Madrid) e Stoichkov (CSKA Sófia), 38 golos
1989: Dorin Mateut (Dínamo Bucareste), 43 golos
1988: Tanju Çolak (Galatasaray), 39 golos
1987: Toni Polster (Áustria Viena), 39 golos
1986: Marco van Basten (Ajax), 37 golos
1985: FERNANDO GOMES (FC PORTO), 39 golos
1984: Ian Rush (Liverpool), 32 golos
1983: FERNANDO GOMES (FC PORTO), 36 golos
1982: Wim Kieft (Ajax), 32 golos
1981: Georgi Slavkov (Botev Plovdiv), 31 golos
1980: Erwin Vandenbergh (Lierse), 39 golos
1979: Kees Kist (AZ Alkmaar), 34 golos
1978: Hans Krankl (Rapid Viena), 41 golos
1977: Dudu Goergescu (Dínamo Bucareste), 47 golos
1976: Sotiris Kaiafas (Omonia Nicósia), 39 golos
1975: Dudu Georgescu (Dínamo Bucareste), 33 golos
1974: Héctor Yazalde (SPORTING), 46 golos
1973: EUSÉBIO (BENFICA), 40 golos
1972: Gerd Müller (Bayern), 40 golos
1971: Josip Skoblar (Marselha), 44 golos
1970: Gerd Müller (Bayern), 38 golos
1969: Petar Zhekov (CSKA Sófia), 36 golos
1968: EUSÉBIO (BENFICA), 43 golos