O ex-secretário-geral das Nações Unidas Kofi Annan defendeu este sábado, em Marrocos, a necessidade de reformar o Conselho de Segurança, alargando o número de assentos permanentes, mas sem direito de veto, sob pena de este órgão perder a sua legitimidade.

“A estrutura atual do Conselho de Segurança é baseada na realidade geopolítica da Segunda Guerra Mundial. O mundo mudou e nós temos de nos adaptar e isso não está a acontecer”, alertou Kofi Annan, numa intervenção no “Fim de Semana da Governação Ibrahim”, que decorre até domingo em Marraquexe, Marrocos.

Annan recordou que, enquanto secretário-geral das Nações Unidas (entre 1997 e 2006), propôs uma reforma do Conselho de Segurança.

“Nessa altura, eu percebi que não se pode pedir aos membros permanentes para que abdiquem do poder de veto. Temos de criar novos assentos sem poder de veto para trazer membros de outras regiões, de forma a tornar o Conselho mais democrático e mais representativo”, sustentou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O antigo líder da ONU defendeu que, se o Conselho de Segurança não for alterado, “vai perder a sua influência e legitimidade”.

“Já está em apuros. Podemos chegar a uma situação em que os países emergentes, como a Índia, Indonésia ou África do Sul, irão perguntar por que é que têm de aceitar decisões deste corpo que não é representativo”, considerou.

Para Kofi Annan, “os membros permanentes têm de pensar muito seriamente e decidir quanto é que querem ceder para que os outros possam participar de forma significativa e ter uma cooperação”. Caso contrário, avisou, “entraremos numa situação de competição destrutiva”.

Kofi Annan foi um dos oradores no fórum, dedicado ao tema “África num ponto de viragem”, promovido pela Fundação Mo Ibrahim, que há dez anos se dedica a colocar o tema da governação no centro do debate sobre o continente africano.