Os aliados do regime sírio de Bashar al-Assad, incluindo a Rússia e Irão, avisaram os Estados Unidos de que vão responder com força se os americanos voltaram a atacar a Síria. É a reação ao bombardeamento de uma base aérea ordenado por Donald Trump na passada sexta-feira, como represália por alegado ataque químico contra civis que terá sido perpetrado pelas forças militares sírias.

Segundo a agência de notícias russa RIA Novosti, o presidente iraniano, Hassan Rouhani, manifestou numa conversa telefónica com Vladimir Putin, a posição de que o ataque dos Estados Unidos era inaceitável. “Os dois líderes trocaram opiniões sobre a situação na Síria e sublinharam que as ações agressivas dos Estados Unidos contra um estado soberano são inadmissíveis e uma violação do direito internacional”, refere um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, citado pelo jornal El Pais.

Os dois líder pediram ainda uma investigação objetiva ao incidente que envolveu armas químicas na cidade síria de Jan Shijún, acrescentando que estavam dispostos a aprofundar a cooperação na luta contra o terrorismo.

Mais forte foi a reação de um centro de comando das tropas militares aliadas do Governo sírio, que inclui forças russas, iranianas, do Hezbola e milícias apoiantes de Assad.

“Os Estados Unidos cometeram um ato de agressão contra a Síria que ultrapassa as linhas vermelhas. A partir de agora, responderemos com força a qualquer agressão ou violação de linhas vermelhas por quem quer que seja, e a América conhece a nossa capacidade de resposta”, refere um comunicado difundido por Iham al Harbil, e avançado pela agência Reuters.

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A nota acrescenta que a presença militar dos Estados Unidos no país é ilegal, considerando que se tratam de forças de ocupação e avisa que o comando vai reforçar o seu apoio ao exercício da Síria, em resposta ao ataque dos Estados Unidos. Esta posição conjunta surgiu horas depois do presidente sírio ter afirmado que os Estados Unidos fracassaram no objetivo de levantar a moral dos “terroristas”, as forças rebeldes que lutam contra o regime de Bashar al-Assad. O comunicado da presidência síria refere que essas declarações foram feitas durante uma conversa telefónica com o presidente iraniano, Rohani.

A reação de Assad foi conhecida já depois da embaixadora americana nas Nações Unidas, Nikki Haley, ter assegurado que não existe uma solução política para o conflito na Síria se o presidente continuar no poder, tendo manifestado a disposição do Governo americano de fazer mais.

Na semana passada, os Estados Unidos lançaram um ataque com 59 mísseis de cruzeiro Tomahawk contra a base síria de Shayrat, que terá sido a origem dos ataques aéreos com armas químicas, alegadamente perpetrados pelas forças sírias contra a cidade de Jan Shijún, onde terão pelo menos morrido 87 pessoas.

Este ataque ordenado por Donald Trump foi bem recebido pelos aliados tradicionais dos Estados Unidos, mas fragilizou a relação da nova administração americana com a Rússia e está a ser visto por analistas como um ponto de viragem na abordagem internacional à guerra civil na Síria.