É cada vez mais comum ver drones a sobrevoar os céus. E há casos, como acontece no Quénia, em que estes equipamentos são usados para vigilância e proteção de espécies animais em zonas mais remotas. Na Reserva Natural de Masai Mara, a 270 quilómetros da capital do Quénia, ajudam mesmo a manter os elefantes afastados da população local, conta o El País. Como? Através do ruído das hélices do dispositivo que, segundo um estudo, já mostrou incomodar e assustar aqueles animais, tal como as abelhas.

A iniciativa, intitulada Mara Elephant Project, demonstrou ter sido levada a cabo com sucesso e conseguiu que os elefantes não se aproximassem dos sítios sobrevoados pelos drones, reduzindo os conflitos com os humanos. Mas nem todos viram esta medida com bons olhos, caso de algumas associações protetoras de animais.

Os drones podem ser extremamente barulhentos e podem afetar a paisagem sonora natural. Podem ter ainda impactos negativos sobre a vida selvagem nas proximidades”, admitiu fonte do Serviço de Parques Naturais dos Estados Unidos num aviso que proibia a utilização daquele aparelho.

O palpite confirmou-se. Um estudo realizado por investigadores da Universidade do Minnesota mostrou que a presença de drones em ambientes selvagens e perto de algumas espécies pode ter consequências para a sua saúde, nomeadamente, o aceleramento dos batimentos cardíacos. Os ursos-negros podem vir a registar mais 123 batimentos cardíacos por minuto do que o normal mesmo durante o período de hibernação.

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Já nos animais marinhos também não foram descobertos benefícios. Laura Chapman, responsável pelo Centro de Mamíferos Marinhos, explicou que os drones prejudicam especialmente os momentos mais delicados da vida das focas e de outros mamíferos. “Estes animais são muito sensíveis e as crias necessitam de tempo [cinco semanas de criação e aprendizagem] com os seus progenitores”, referiu Chapman.

Por essa razão, e com o objetivo de evitar os distúrbios e perturbações na vida animal, um grupo de biólogos da Universidade de Adelaide levou a cabo uma investigação que faz questão de mostrar as melhores maneiras de estudar e analisar uma determinada população sem causar um impacto negativo.

Mas alguns animais reagiram de forma um pouco mais hostil à presença de drones nos seus habitats.

Na Holanda, a tecnologia tornou-se tão viral que a polícia resolveu desenvolver uma estratégia e treinar águias para caçar e apanhar drones que possam ser potencialmente perigosos. A ideia foi rapidamente adotada pelo exército francês.

Apesar das críticas, os drones foram feitos com o intuito de ajudar e contribuir para o melhoria da vida das criaturas selvagens. É um sistema bastante utilizado no México para evitar o roubo de ovos de tartaruga e já contribuiu positivamente para salvar os orangotangos da extinção. Ainda assim, os especialistas consideram ser importante o desenvolvimento e criação de políticas melhoradas e sem consequências negativas para o reino animal.