As demissões na Uber voltam a dar que falar. Rachel Whetstone, responsável pelo departamento de Comunicação e Relações Públicas, foi a última executiva a abandonar a multinacional de transportes, avança a BBC. Apesar das polémicas que a Uber tem enfrentado nos últimos tempos, não foi apresentada qualquer justificação para a sua demissão. A notícia foi confirmada pelo co-fundador e presidente da empresa Travis Kalanick, num e-mail enviado a todos os funcionários na terça-feira.

Queria que soubessem que Rachel Whetstone, responsável pela comunicação e políticas a nível mundial, decidiu deixar a Uber. Desde que se juntou a nós, em 2015, Rachel sempre nos mostrou a sua capacidade em fazer as coisas. Ela é uma força da natureza, um talento extraordinário e uma incrível treinadora e dirigente que construiu uma organização de primeira classe”, lia-se no comunicado, citado pela Recode.

A demissão de Whetstone é mais uma numa lista recente de saídas e polémicas na empresas, muitas ligadas a suspeitas de sexismo, assédio sexual e discriminação.

Número 2 da Uber demite-se na sequência das polémicas sobre sexismo e assédio

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Whetstone, que trabalhou naquela empresa durante cerca de dois, admitiu sentir-se orgulhosa da equipa que a acompanhou e de tudo o que construíram.

Estou incrivelmente orgulhosa da equipa que construímos. Tal como aconteceu quando saí da Google, uma mulher forte e brilhante vai substituir-me e ocupar o meu lugar. Juntei-me à Uber porque adoro o produto e aquilo que temos para dar – e esse amor é tão forte hoje em dia como quando eu marquei a minha primeira viagem há seis anos”, declarou Rachel Whetstone em comunicado.

A informação de que Jill Hazelbaker, vice-presidente do departamento de Comunicação da Uber, vai ocupar o lugar de Whetstone já foi confirmada, mas ainda não há data prevista para a substituição. Hazelbaker trabalhou com Whetstone para a Google durante dez anos e foi a mais recente diretora de Comunicação da rede social Snapchat, tendo chegado ainda a trabalhar para o senador John McCain durante a sua campanha presidencial.

Jill Hazelbaker

Tensões, polémicas e demissões na Uber

Os últimos meses não têm trazido boas notícias para a rede de transportes Uber. Em fevereiro, as graves acusações de assédio sexual e discriminação feitas por Susan J. Fowler, engenheira da empresa, causaram uma onda de choque e polémica entre os funcionários e executivos e o presidente-executivo, Travis Kalanick, não tardou em abrir uma investigação nos EUA para apurar os factos envolvidos. Também o sexismo na Uber gerou polémica e inquietação. J. Fowler referiu ainda que, apesar do assédio sexual ter acalmado, a sua prestação na empresa não era reconhecida e, muitas vezes adulteravam os números que obtinha na sua prestação para que tivesse uma nota mais baixa e ficasse prejudicada.

A campanha “Delete Uber”, motivada pelos relatos de assédio sexual e discriminação nos escritórios da Uber, levou a que muitos clientes quisessem abandonar os serviços nos últimos tempos. A hashtag #DeleteUber foi visível nas redes sociais e, com o objetivo de contornar o problema, a empresa resolveu escrever uma carta a todos aqueles que tentaram apagar as contas.

As polémicas de sexismo e assédio provocaram ainda a demissão do presidente da Uber Jeff Jones, a última a anteceder à de Rachel Whetstone. Jones encontrava-se a trabalhar para aquela empresa há menos de um ano e tinha entrado para substituir Ryan Graves, antigo presidente da tecnológica, função ocupada atualmente por Travis Kalanick.

Os alegados roubos de tecnologia usada em carros sem condutor da Google também não tardaram em vir ao de cima. A Waymo, empresa de carros autónomos pertencente à Google, entregou uma ação em tribunal contra a Uber, alegando que um ex-funcionário teria tentado roubar informações confidenciais.