O filme “A ilha dos cães”, do realizador português Jorge António, que inclui uma das últimas interpretações do ator Nicolau Breyner, estreia-se no dia 20, nos cinemas portugueses.

Exibido este ano em antestreia no Fantasporto, “A ilha dos cães” é uma adaptação do romance “Os senhores do areal”, do escritor angolano Henrique Abranches, uma ficção passada em São Tomé e Príncipe e Angola, ancorada em diferentes períodos históricos, abordando a escravatura e a descolonização.

Há ainda um fio narrativo de fantasia, a partir da presença de uma misteriosa e assassina matilha, numa ilha onde vivem sobretudo pescadores, ameaçados pela construção de um empreendimento turístico. Para o realizador Jorge António, o filme parte de um “tema forte e universal – o Homem versus a sua (própria) natureza”.

“É uma excelente premissa para criar um filme diferente, na medida em que as personagens se colocam e nos colocam questões pertinentes sobre como o presente resolve (ou não) as expetativas geradas no passado e como pode (ou não) projetar o futuro. Os cães representam a força da natureza e do que não pode ser subjugado”, afirma o cineasta, na nota de intenções.

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“A ilha dos cães” é uma produção de Ana Costa, tem direção de fotografia de Tony Costa e interpretação de Ângelo Torres, Miguel Hurst, Matamba Joaquim, Ciomara Morais, João Cabral, José Eduardo e Nicolau Breyner, no papel de um fazendeiro e explorador de escravos.

Jorge António, que trabalha há mais de duas décadas na produção e realização de cinema entre Portugal e Angola, é autor de filmes como a curta-metragem “O funeral” (1991), a longa “O miradouro da lua” (1992) – considerada a primeira produção luso-angolana – e os documentários “Kuduro, fogo no museke” (2007) e “O lendário tio Liceu e os Ngola Ritmos” (2010).

Com Maria do Carmo Piçarra, Jorge António publicou o livro, em três volumes, “Angola – O nascimento de uma nação”.

Atualmente, Jorge António está envolvido na correalização de um projeto pioneiro no cinema português em parceria com José Miguel Ribeiro, intitulado “Noyola”, a primeira longa-metragem de animação portuguesa para adultos.

O filme tem argumento de Virgílio Almeida, a partir de uma peça de teatro escrita por José Eduardo Agualusa e Mia Couto, combinará técnicas de animação e imagem real e terá quatro milhões de euros de orçamento.

A ilha dos cães” chega aos cinemas portugueses no dia 20, sendo antecedido de uma antestreia lisboeta, na segunda-feira, no cinema São Jorge, com as presenças do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do primeiro-ministro, António Costa.