Contra o Boavista, nem sinal dele na convocatória. Gelson lesionara-se pouco antes. Mas Jesus prometeu no final do jogo: “O departamento médico não quis arriscar, mas pelo que o Dr. [Frederico] Varandas me disse — e ele raramente falha –, para o próximo jogo em Setúbal já estará disponível.” Seria bluff? Afinal, se Gelson jogasse e visse um cartão amarelo, falharia o dérbi com o Benfica. Não foi bluff. E Gelson jogou mesmo. Se Jesus arriscou? Talvez. Mas arriscado seria não utilizá-lo. É que foi Gelson quem aos 20′ descomplicou o que até aí fora complicado. O Setúbal, à vontade na tabela, entrou “mandão” no Bonfim e o Sporting chegou a ser encostado às cordas. Não é que os da casa tenham tido oportunidades de golo em barda — que não tiveram –, mas pouco antes do golo do Sporting tinham conseguido três remates e os de Jesus “bola”.

Quanto ao golo propriamente dito, todos erraram. Ou quase: Gelson não. Bruno César cruzou à esquerda para a pequena área, Frederico Venâncio deslizou pelo relvado, esticou-se até ao último tendão, mas falhou o corte, Bas Dost surgiu-lhe nas costas e também não conseguiu tocar na bola — lá matulão é ele mas faltou-lhe “um bocadinho assim” –, esta seguiu para o guarda-redes Bruno Varela que não a segurou, continuava a “saga” da aselhice, a bola acabou nos pés de Fábio Cardoso, Fábio não se livrou dela como deveria e Gelson, vindo de trás, não se fez rogado, foi lá com tudo e rematou-a para o primeiro golo da noite no Bonfim.

Ele, Gelson, que gosta do Vitória. Quanto ao Vitória, talvez não diga o mesmo dele. É que este é já o terceiro golo que Gelson faz diante do clube sadino — todos de pé direito, todos no interior da área, todos em bola corrida. Está visto: é sina.

Mas nem só de golos vive Gelson. E fartou-se de atazanar a defesa do Vitória — com o seu drible desconcertante e velocidade mais desconcertante ainda. Perto do intervalo, aos 43′, mais uma fífia: o guarda-redes Varela tentou entregar a bola à esquerda em Nuno Pinto, o passe saiu-lhe curto, Gelson intercetou-o, seguiu em direção à área como uma flecha, lá dentro cruzaria para trás, Ruiz rematou de primeira, mas o remate esbarraria em Fábio Cardoso e a bola acabou nas mãos de Varela. Ufffff!

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Se é verdade que no começo o Vitória surpreendeu, não é menos verdade que após o intervalo mal se viu no relvado e quase só deu Sporting no jogo. E ameaçava, ameaçava, ameaçava… Uma vez: aos 53′, em esforço, o regressado à titularidade Adrien “sacou” a bola a meio-campo a Amaral, esta acabaria em Bruno César, o “chuta-chuta” tabelou com Ruiz à esquerda e assim que teve espaço para cruzar, cruzou. Na área, Dost antecipou-se a Nuno Pinto, rematou de primeira, tinha apenas Varela à sua frente, mas o desviou saiu muito por cima da barra. Outra vez: aos 55′, Bruno César desmarcou Marvin Zeegelaar na esquerda, o cruzamento do holandês não é bom, não vai na direção de Dost ao primeiro poste nem de Gelson ao segundo, mas a bola acabaria caprichosamente no pé direito de Schelotto, que rematou para defesa com os pés (e sem ver o remate partir, pois tinha Cardoso à sua frente) de Varela.

Até que, à terceira, 56′, tanto o Sporting ameaçou que chegou mesmo ao segundo golo. Canto à direita — após a tal defesa providencial de Varela –, bateu-o a canhota de Bruno César, na pequena área William saltou mais alto do que os centrais do Vitória, Fábio Cardoso e Venâncio, e cabeceou como se deve cabecear: de cima para baixo e sem hipótese de defesa para Varela. É o segundo golo de William esta época — e o segundo ao Vitória.

Era tudo? Mas lá acabaria o jogo sem Bas Dost “molhar a sopa” e voltar a ser o melhor entre os melhores na Europa no que a golos diz respeito?… Nem pensar. Aos 61′ o cruzamento de Alan Ruiz à direita, de trivela com a canhota, é meio-golo. Nem Mikel nem Venâncio chegaram à bola e Bas Dost, ao segundo poste, “matou” o jogo no Bonfim. Jesus bem diz que o argentino faz com Dost a melhor dupla de ataque cá do burgo. Se não é a melhor, anda lá perto. Quanto ao ponta-de-lança, chegou aos 28 golos, mais um do que Messi, e é líder isolado na disputada pela Bota de Ouro com 56 pontos. Na soma de todas as competições este foi o trigésimo golo de Dost — só por uma vez, no Heerenveen, chegou a tal marca, tendo terminado a época 2011/12 com 37 golos. Por cá, ainda lhe restam disputar cinco jogos até final. Talvez lá chegue.

Quanto a Gelson, saiu logo depois do terceiro golo, aos 63′. E vai mesmo a jogo para a semana com o Benfica, pois não viu qualquer cartão — e ainda “sacou” um a Nuno Pinto. Mais importante do que isso: foi o melhor no Bonfim.