É o chamado passo maior do que a perna. Percebia-se, desde o empate na Luz, que as atenções do FC Porto estavam todas centradas no Sporting-Benfica. Espírito Santo confiava nos seus, mas confiava tanto ou mais em Jesus, o seu homólogo verde e branco. Agora, é mais do que uma questão de confiança, é pura necessidade. Porque os dragões esqueceram-se que este Sp. Braga pode andar arredado dos tempos áureos recentes, mas não deixa de ser uma das deslocações mais difíceis da Primeira Liga. Com isso, abriram uma diferença de três pontos para os encarnados. Na Pedreira, houve tanto de Santos como de pecadores. E ninguém se ficou a rir.

O feeling de Jorge Simão para as opções iniciais de Nuno falhou (Corona ficou de fora, André Silva manteve-se ao lado de Soares), mas o feeling para sair por cima do jogo estava 100% certo: ao colocar Gamboa e Vukcevic num esboço de duplo pivô defensivo a meio-campo que tinha Battaglia como condutor de transições e as flechas Fede Cantabria e Pedro Santos nas alas, o treinador dos bracarenses expôs o FC Porto nas transições como há muito não se via.

Ficha de jogo

Mostrar Esconder

Sp. Braga-FC Porto, 1-1

29.ª jornada da Primeira Liga

Estádio Municipal de Braga

Árbitro: Hugo Miguel (Lisboa)

Sp. Braga: Matheus; Baiano, Artur Jorge, Ricardo Ferreira, Djavan; Gamboa, Vukcevic (Rodrigo Pinho, 84’), Battaglia; Cartabia (Alan, 76’), Pedro Santos (Ricardo Horta, 69’) e Rui Fonte

Treinador: Jorge Simão

Suplentes não utilizados: Tiago Sá, Velázquez, Goiano e Xadas

FC Porto: Casillas; Maxi Pereira, Felipe, Marcano, Alex Telles; Danilo, André André (Herrera, 84’), Óliver Torres (Corona, 55’), Brahimi (Otávio, 83’); André Silva e Soares

Treinador: Nuno Espírito Santo

Suplentes não utilizados: José Sá, Boly, Rúben Neves e Diogo Jota

Golos: Pedro Santos (6’) e Soares (61’)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Felipe (2’), Baiano (11’), Rui Fonte (43’), Cartabia (59’), Danilo (80’), Vukcevic (81’), André Silva (81’), Soares (88’), Artur Jorge (90+3’) e Otávio (90+4’); cartão vermelho a Brahimi (89’)

As dificuldades eram por demais evidentes: sem bola, os dragões nunca tinham as unidades necessárias nos sítios certos para travarem as investidas rápidas dos visitados; com bola, e fruto de zonas de pressão bem subidas antes de todo o bloco baixar e estabilizar de forma consolidada à frente de Matheus, o FC Porto nunca conseguiu surpreender o bem organizado Sp. Braga no ataque.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Assim, e numa fase precoce do jogo, os arsenalistas adiantaram-se no marcador logo aos seis minutos: jogada de Cantabria na direita, cruzamento para o centro da área e cabeceamento sem hipóteses de Pedro Santos, que não marcava para a Primeira Liga desde outubro. Tal como na Luz, um golo a abrir o jogo.

O FC Porto mandão, pressionante e com criatividade das últimas jornadas não existia. Nos primeiros 15 minutos, os azuis e brancos não tocaram sequer uma vez na bola na área contrária. Do outro lado, Battaglia ganhava todas as guerras e o Sp. Braga tratava por tu todas as segundas bolas. Mas tal como no râguebi, os dragões iam ganhando terreno e terreno por Brahimi, a única individualidade capaz de disfarçar o apagão coletivo. Lances de perigo? Pouco ou nada.

Curiosamente, e quando nada o fazia prever, até foi o Sp. Braga a desperdiçar uma ocasião soberana para aumentar a vantagem: Hugo Miguel apontou, e bem, uma mão dentro da área de Óliver quando tentava fazer o domínio após corte (antes, aos 25’, Soares ficou a queixar-se de um toque de Ricardo Ferreira na área onde o árbitro assinalou canto). Pedro Santos, o herói, tornou-se vilão, ao acertar no poste na transformação do castigo máximo. E vinha o intervalo.

E se é verdade que, a bem do Sp. Braga, Jorge Simão falhou nas opções iniciais de Nuno, também é verdade que quando Corona passou mesmo para o campo tudo mudou. Para mal do Sp. Braga, claro: o FC Porto assumiu por completo o jogo pelos corredores laterais, voltou a marcar de bola parada através do inevitável Soares (é, a par do Boavista, a equipa mais eficaz da Primeira Liga em lances de estratégia), teve oportunidades para conseguir a reviravolta (por Soares e Danilo, que quando marca os dragões ganham sempre) mas não conseguiu encostar em definitivo o adversário às cordas e ainda acabou por perder Brahimi, expulso no banco por protestos.

No final, o empate a uma bola não agradou a ninguém (apesar dos grandes festejos dos adeptos visitados, como já tinha acontecido na última jornada do ano passado mesmo a perderem o jogo…). O Sp. Braga desceu para o quinto lugar e deixou de depender de si para assegurar o primeiro lugar pós-grandes do campeonato; o FC Porto aumentou a distância para o Benfica para três pontos e, agora, sabe que um empate poderá positivo para as águias em Alvalade. Tudo porque tiveram tanto de Santos como de pecadores.