A CGTP vai exigir ao Governo a publicação dos acordos de empresa da Transtejo e da Soflusa e medidas para melhorar o serviço nestas empresas, exigências que levaram os trabalhadores a marcarem greves parciais na próxima semana. O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, reuniu-se esta quart-feira com organizações sindicais e representativas dos trabalhadores da Transtejo e da Soflusa, para discutir “dois temas fundamentais”, a falta de publicação dos acordos de empresa, já assinados, e a degradação do serviço público de transporte oferecido pelas duas empresas de transporte fluvial.

Segundo Arménio Carlos, “não se justifica que o Governo, sendo o acionista da Transtejo e da Soflusa, esteja há cinco meses para publicar um acordo que foi livremente assinado pelas administrações destas empresas com os representantes dos trabalhadores”.

“Recordamos que este acordo não foi subscrito sem ter o aval do respetivo Governo. Não se entende que o mesmo Governo que deu o aval para a assinatura dos acordos seja o mesmo Governo que, até agora, não tenha publicado esses acordos”, disse, em declarações à Lusa.

“Não admitimos outra solução que não seja aquela que propomos, mesmo que, eventualmente, estejam a servir manifestações de pressão pelo ministro das Finanças. Nós achamos que isso não é admissível”, acrescentou.

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Em relação à degradação do serviço público, Arménio Carlos exemplificou que “neste momento, na Transtejo, em 22 barcos, 10 estão paralisados e, na Soflusa, em oito disponíveis, três estão encostados”. “Estamos aqui perante uma redução brutal do serviço público, com todas as consequências que isso tem para as imagens das empresas, mas particularmente para a vida das populações que utilizam este transporte”, disse.

O dirigente da intersindical afirmou que a CGTP está completamente solidária com os representantes dos trabalhadores das empresas e “irá tomar medidas imediatas para, mais uma vez, junto do Governo exigir não só a publicação dos acordos de empresa, mas também a necessidade de rapidamente se implementarem medidas para contratar pessoal e adquirir os respetivos materiais para por os barcos a funcionar”.

“Desde já, os trabalhadores assumiram disponibilidade para o diálogo e para a negociação. Se, por ventura, nestes próximos dias, esta abertura do Governo e das administrações não se verificar, já estão agendadas greves para a próxima semana. Ou seja, as greves só se realizarão se o Governo quiser. E aquilo que os trabalhadores estão a exigir não é nada que não possa ser realizado”, realçou, acrescentando que os trabalhadores estão disponíveis “para se definir um calendário para que a possibilidade de estes barcos voltarem a circular seja concretizada”.

“Agora, tem de haver um plano para que os utentes, aqueles que usam os transportes fluviais, saibam que, neste momento, além do passe que pagam todos os meses – e a quantia não é assim tão baixa como isso – têm direito a transporte e sobretudo a uma qualidade de transporte não só que assegura a regularidade como a qualidade. É isso que os trabalhadores vão exigir e a CGTP vai transmitir ao Governo”, sublinhou.

Na reunião estiveram representantes de todos os sindicatos ligados às duas empresas, nomeadamente o Sindicato da Marinha Mercante, o Sindicato dos Transportes Fluviais, o Sindicato dos Ferroviários, e respetivas comissões de trabalhadores.

A Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), afeta à CGTP, agendou duas greves parciais para 26 e 27 de abril. A “greve será de três horas por turno na Transtejo e de 2 horas por turno na Soflusa”, afetando as ligações a partir de Cacilhas, Porto Brandão, Seixal e Montijo.