O Governo chinês deu uma aprovação provisória ao registo de mais três marcas de Ivanka Trump no país, precisamente no mesmo dia em que a filha do presidente dos EUA jantou na mesma mesa que o presidente chinês Xi Jinping. O encontro ocorreu a 6 de abril, em Mar-a-Lago, dia em que os norte-americanos bombardearam uma base aérea na Síria. Ivanka — que de acordo com a CNN já conta com 16 marcas registadas na China e 32 a aguardar aprovação — fica agora com direito de monopólio de venda de jóias, malas e serviços de Spa na segunda maior economia do mundo.

Ivanka Trump afastou-se da sua empresa para poder assumir as funções de conselheira do pai na Casa Branca, mas continua a ser a proprietária da marca. Os negócios de Trump, dizem advogados citados pela Associated Press, trazem uma situação inédita do ponto de vista ético na história da política norte-americana moderna.

De acordo com a AP, usar o prestígio governamental para construir uma marca não é ilegal, mas a lei de conflito de interesses proíbe que funcionários federais — como Ivanka Trump e o seu marido (Jared Kushner, que também se sentou à mesa com Xi Jinping) — participem de assuntos governamentais que possam afetar seus próprios interesses financeiros.

Richard Painter, advogado que liderou as temáticas de ética durante a administração de George W. Bush, aconselha: “Deviam deixar negócio em stand by e parar de criar novas marcas enquanto estiverem no Governo.” Norman Eisen, que ocupava o mesmo cargo durante a administração Obama, alerta que “Ivanka tem várias ligações e interesses na China, mas tanto ela como Jared parecem estar envolvidos nos contactos diplomáticos e nas políticas relacionadas com a China”. E acrescenta: “Para o seu próprio bem, e do país, Ivanka e Jared deviam fugir de questões relacionadas com a China”.

Mas não foi isso que os dois fizeram. No ano passado o marido de Ivanka esteve ligado a investimentos imobiliários, no valor de centenas de milhões de dólares, em negociações com Anbang Insurance Group, um grupo financeiro próximo do Estado chinês. O negócio só foi cancelado após os media denunciarem o caso.

Ivanka Trump não para com as operações de charme junto do Governo chinês. Durante os encontros em Mar-a-Lago, a sua filha Arabella, de 5 anos, cantou uma canção chinesa, em mandarim, para o presidente Xi Jinping.

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