Não fosse a China o maior mercado automóvel do mundo, a Mercedes escolheu o Salão de Xangai para a revelação oficial da actualização de meio de ciclo do Classe S, disponível no mercado já a partir de Julho. Mais do que um simples restyling, o topo de gama da casa da estrela recebeu uma profunda renovação, que abrangeu praticamente todas as áreas, voltando a ser pioneiro na introdução de diversas soluções e tecnologias.

Aliás, a estética será mesmo um dos domínios em que as modificações operadas são menos substanciais, o que não significa que não existam pontos importantes a referir. Como a nova grelha frontal: nas versões animadas por motores de seis e oito cilindros, conta com acabamento em preto brilhante; na variante com distância entre eixos longa e motor V12, dispõe de elementos cromados adicionais; na declinação Maybach, exibe ainda o logótipo da divisão de luxo da marca de Estugarda.

Comum a todos os Classe S da nova geração é o pára-choques dianteiro com tomadas de ar mais pronunciadas e aparência mais desportiva, sendo opcionais as ópticas dianteiras Multibeam por LED com novos máximos de longo alcance (prometem transformar noite em dia quando activados, iluminando a mais de 650 metros). Na traseira, referência para os farolins, também por LED, com efeito cristalino (com três novos pares de fibras ópticas, exibem um jogo de luz específico sempre que o veículo é trancado e destrancado), para o pára-choques redesenhado com as ponteiras de escape integradas visíveis (emolduradas por um elemento cromado que se estende a toda a largura do veículo) e para as sete jantes de novo desenho, com diâmetros de vão das 17” às 20”.

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No interior, as modificações visam mais a função do que a forma. Ainda assim, há que referir os dois novos ecrãs de alta resolução de 12,3”, cobertos por um vidro transparente comum, a iluminação ambiente por LED (opcionalmente, pode ser adaptada a gosto do utilizador, oferecendo 64 cores) e as novas chaves do veículo, agora propostas com acabamento de alto brilho em preto ou em branco (a função de arranque sem chave é de série em todas as versões).

Conforto a bordo é prioridade (fazer exercício também)

Muito mais significativas serão as soluções destinadas incrementar o conforto a bordo, e o agrado e a facilidade de condução. O volante passa a contar com comandos sensíveis ao toque, que respondem aos movimentos dos dedos tal e qual os ecrãs tácteis dos smarpthones, assim permitindo ao condutor do mesmo não ter que tirar as mãos para controlar uma série de funções. Ao mesmo tempo, e pela primeira vez, os comandos do sistema Distronic e do cruise control estão instalados directamente no volante.

Energizing foi ao nome eleito pela Mercedes para identificar um sistema inédito, mundialmente estreado pelo renovado Classe S, embora sendo uma opção, e que faz a ligação entre vários dispositivos de conforto para tornar ainda mais aprazível a vida a bordo. Actuando sobre a climatização, a luz e a fragrância ambiente, os bancos (massagem aquecimento e ventilação) e o sistema multimédia, permite ao utilizador configurar distintos níveis de bem-estar, que se adequem às suas necessidades ou disposição do momento.

Estão disponíveis seis programas: Frescura, Calor, Vitalidade, Alegria, Comfort e Treino (este último com três opções – relaxamento muscular, activação muscular e equilíbrio), cada qual com diversos exercícios. Todos têm uma duração de 10 minutos, e em cada um deles são ajustadas as funcionalidades descritas (incluindo a música reproduzida pelo sistema de som) de forma a atingir o objetivo pretendido.

Motores mais potentes e mais poupados

Por outro lado, e como o Observador já havia adiantado, o Classe S foi o modelo escolhido pela Mercedes para o lançamento de vários novos propulsores. Todos pertencentes à sua família de motores modulares com uma cilindrada unitária de 500 cc, no que será, também, o regresso dos seis cilindros em linha à oferta da marca. Para já, foram três as novidades apresentadas.

Uma delas, o S 560 4Matic (também disponível na versão Maybach), animado por um novo V8 biturbo a gasolina de 3.982 cc, que promete ser um dos mais económicos da actualidade na sua categoria, em boa parte por contar com um sistema de desactivação de cilindros, garantido pela distribuição variável Camtronic. Solução que, sempre que possível, em cargas parciais, entre as 900 rpm e as 3.250 rpm, e assim estejam seleccionados os modos de condução Comfort ou Eco, inibe, em simultâneo, o funcionamento de quatro cilindros, para redução do consumo.

Com os turbocompressores instalados entre as bancadas de cilindros, injecção directa variável, filtro de partículas e várias soluções destinadas a reduzir o atrito, esta unidade oferece 469 cv de potência e um binário máximo de 700 Nm logo às 2.000 rpm, anunciando um consumo 10% inferior ao do actual V8 de 455 cv (8,5 l/100 km, para emissões de CO2 de 195 g/km). Uma sua versão sobrepotenciada está instalada sob o capot do novo Mercedes-AMG S 63 4 Matic+, também com desactivação de cilindros, em substituição do anterior 5.5-V8 biturbo, e que, apesar da menor cilindrada, consegue oferecer 612 cv e 900 Nm.

Mais relevante para mercados como o português, o novo seis cilindros em linha turbodiesel de 2.925 cc, com câmara de combustão esculpida na cabeça do pistão, injecção directa com pressão máxima de 2.500 bar e sobrealimentação de duplo estágio – sendo ainda o primeiro do género da Mercedes a contar com distribuição variável Camtronic. Proposto em dois níveis de potência, e já apto a cumprir com as futuras normas de emissões e consumos obtidos em condições de condução reais, oferece 286 cv e 600 Nm no S 350d 4 Matic (consumo combinado de 5,5 l/100 km), e 340 cv e 700 Nm no S 400d 4Matic (consumo combinado de 5.6 l/100 km) – este último o mais potente modelo a gasóleo de sempre da Mercedes.

Para breve, está confirmada a chegada de mais alguns novos motores à oferta do topo de gama da Mercedes, que a seu tempo serão introduzidos noutros modelos da sua gama, caso de uma motorização híbrida plug-in capaz de garantir cerca de 50 km de autonomia eléctrica, graças a uma nova bateria com 13,3 kWh de capacidade, acompanhada de um novo carregador doméstico de 7,2 kW para recarregamentos mais céleres.

De igual modo será introduzido um inédito seis cilindros em linha de 3,0 litros a gasolina, com exactamente a mesma arquitectura do seu irmão gasóleo, equipado com um turbo com compressor auxiliar eléctrico e com um alternador-motor de arranque integrado ISG, destinados a anular o atraso da resposta da sobrealimentação. Estará disponível com dois níveis de potência, um deles com cerca de 408 cv e mais de 500 Nm, garantindo uma redução dos consumos e emissões de cerca de 15% relativamente ao actual 3.0-V6 de 333 cv. Será, ainda, o primeiro dos novos motores da Mercedes a utilizar um sistema eléctrico de 48 Volt (o sistema eléctrico de 12 Volt continua a ser utilizado para fornecer energia a componentes como as luzes, a iluminação interior ou o sistema de infoentretenimento, entre outros).

Espera-se, também, a chegada de um novo quatro cilindros a gasolina de 2,0 litros que deverá oferecer mais de 270 cv, destacando-se por recorrer a um turbo twin-scroll, ao sistema Camtronic de distribuição variável sobre a admissão e ao sistema eléctrico de 48 Volt para alimenta a bomba de água e o alternador-motor de arranque. Tal como o novo V8, conta com um filtro de partículas para reduzir as emissões de poluentes.

Volante controla tudo

A condução autónoma e os sistemas de assistências à condução são domínios em que o Classe S volta a ser a referência da Mercedes. Sob a chancela do programa Intelligent Drive, promete ser o modelo mais apto a auxiliar o condutor na sua função, isto nas palavras de Michael Hafner, responsável máximo pela condução autónoma e segurança activa da casa de Estugarda.

Para tal, recebeu melhorados sistemas baseados em radar e em câmaras, e, pela primeira vez, os dados dos mapas e da navegação serão usados para definir o comportamento do condutor ao volante, podendo a velocidade do veículo ser automaticamente ajustada na aproximação às curvas e cruzamentos (função Distronic Active Proximity Assist). Quando o cruise control activo Distronic estiver activado, a velocidade é reduzida, e depois aumentada, em função da rota, bem como das curvas, dos cruzamentos e das portagens que o percurso apresente. Caso esteja seleccionado um destino no sistema de navegação, o Classe S também responderá em conformidade, por exemplo, reduzindo a velocidade na aproximação a uma saída de auto-estrada, assim permitindo ao condutor circular por períodos de tempo mais extensos no modo de condução autónoma.

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No renovado Classe S, todas as funções de assistência ao condutor passarão a ser controladas através do volante, podendo este verificar quais estão activas, e a que situações estão a dar resposta, através do head-up display. Além do Distronic Active Proximity Assist, o novo pack de assistência à condução inclui as funções Active Steer Assist (intervenção sobre o volante sempre que as condições de circulação assim o exijam) e Active Lane Change Assist, sistema em que um toque na alavanca dos “piscas” é o que basta para manobra se iniciar, caso os sensores do veículos não detectem obstáculos nas proximidades que o impeçam. Ora veja:

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Outra dos auxiliares de condução dá pelo nome de Active Emergency Stop Assist. Neste caso, quando a assistência da direcção está activa, o sistema reconhece que o condutor não está a intervir no processo a condução, levando o veículo a imobilizar-se. Funciona assim:

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Mas há mais soluções que visam facilitar a tarefa do condutor, desde a condução automática em filas de trânsito ao sistema de leitura de sinais de trânsito. E, no que ao estacionamento diz respeito, está disponível o sistema que permite que o Classe S entre e saia de um lugar sendo controlado apenas através de um smartphone.

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Já o sistema que monitoriza, através de câmaras, o estado do piso, detectando ressaltos e outras irregularidades, e adaptando o amortecimento pilotado em conformidade, foi melhorado, passando a funcionar também ao entardecer, com menos luminosidade, e a velocidades de até 180 km/h. Inédita, a função Curve, de inclinação automática em curva, em que a carroçaria se inclina até 2,65° para o interior das curvas, por forma a reduzir as forças centrífugas a que estão sujeitos os ocupantes.