Já se conhecem os seis finalistas do Man Booker Prize Internacional, que premeia todos os anos o melhor romance traduzido para língua inglesa e publicado no Reino Unido. O anúncio foi feito esta quinta-feira por Nick Barley, que presidiu ao júri deste ano, durante uma conferência de imprensa em Londres:

  1. Compass, de Mathias Énard (França). Traduzido por Charlotte Mandell e publicado pelas Fitzcarraldo Editions;
  2. A Horse Walks Into a Bar, de David Grossman (Israel). Traduzido por Jessica Cohen e publicado pela Jonathan Cape;
  3. The Unseen, de Roy Jacobsen (Noruega). Traduzido por Don Bartlett e Don Shaw e publicado pela Maclehose;
  4. Mirror, Shoulder, Signal, de Dorthe Nors (Dinamarca). Traduzido por Misha Hoekstra e publicado pela Pushkin Press;
  5. Judas, de Amos Oz (Israel). Traduzido por Nicholas de Lange e publicado pela Chatto & Windus;
  6. Fever Dream, de Samanta Schweblin (Argentina). Traduzido por Megan McDowell e publicado pela Oneworld.

De lado ficaram Wioletta Greg (Polónia), Stefan Hertmans (Bélgica), Ismail Kadare (Albânia), Jón Kalman Stefánsson (Islândia), Yan Lianke (China), Alain Mabanckou (França) e Clemens Meyer (Alemanha), autores que faziam parte da longlist, anunciada a 15 de março. Durante a apresentação — que, pela primeira vez, foi transmitida em direto através da plataforma Periscope –, Barley fez questão de frisar a qualidade dos finalistas da edição deste ano. “Estamos muito orgulhosos da shortlist. Estamos muito orgulhosos da longlist também”, disse no final do discurso.

“Ler ficção internacional é um desafio, é um ato de esperança”

Antes de anunciar os seis finalistas, o presidente do júri do Man Booker Prize Internacional fez questão de salientar a importância que a literatura estrangeira tem nos dias de hoje. Descrevendo o trabalho do último ano — que incluiu ler várias centenas de romances — como “uma aventura extraordinária”, Nick Barley declarou que “precisamos de ficção agora”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Tenho um palpite de que Donald Trump não lê muita ficção e tenho quase a certeza de que não tem ficção traduzida na mesa de cabeceira”, brincou, sugerindo que Melania Trump lhe compre todos os romances da shortlist. É que para o também diretor do Festival Internacional do Livro de Edimburgo, a “ficção é importante porque nos ajuda a compreender o que as outras pessoas pensam”.

“Sabemos que a leitura ajuda a criar empatia e a ficção internacional tem tudo a ver com isso”, afirmou. “E mais: faz-nos olhar através dos olhos de alguém que não fala a mesma língua que nós. Ajuda-nos a compreender os outros. Ler, neste contexto, é um ato de resistência, uma resistência a estas políticas bombásticas e de isolamento que nos têm rodeado neste ultimo ano, é a rejeição da intolerância das mentes pequenas a que temos assistido. Ler ficção internacional é um desafio, um ato de esperança.”

“Se lermos mais ficção internacional haverá menos racismo e menos crimes de ódio neste país. É isso que espero.”

No ano passado, o Man Booker Prize Internacional foi atribuído à sul-coreana Han Kang, autora de A Vegetariana (publicado em Portugal pela D. Quixote), romance publicado no Reino Unido pela Portobello Books, numa tradução de Deborah Smith. O romance, que depois do anúncio do prémio se tornou rapidamente num bestseller no país natal de Kang, conta a história de Yeong-hye, uma mulher cuja vida muda radicalmente depois de ter um pesadelo sobre a crueldade humana.

O vencedor do Man Booker Prize internacional vai ser anunciado a 14 de junho. No mês seguinte, no dia 27, ficarão a conhecer-se os primeiros finalistas do Man Booker, dedicado à ficção de língua inglesa.