O papa Francisco “é um desassossego permanente, uma caixa de surpresas”, afirmam os autores do livro “Papa Francisco. A Revolução Imparável”, que o Presidente da República apresenta na segunda-feira, em Lisboa.

Marcelo Rebelo de Sousa vai apresentar “Papa Francisco. A Revolução Imparável”, dos jornalistas António Marujo e Joaquim Franco, obra editada pela Marcador, na segunda-feira, pelas 18h00, na igreja do Convento de S. Domingos, em Lisboa, junto à estação de Metropolitano do Alto dos Moinhos. Segundo os autores “com Francisco, a Igreja e o mundo vivem um momento invulgar e imprevisível”.

“Entre a simplicidade e a espontaneidade, ele quebra protocolos e diz o que pretende”, afirmam os autores que se referem ao pontífice como um “homem normal, de invulgar perspicácia” que “prefere continuar a gerir a sua agenda, telefona para quem entende, em qualquer parte do mundo, [e] utiliza uma linguagem que toda agente percebe”.

Todavia, advertem os jornalistas, esta simplicidade da linguagem “não impede que haja teologia, e teologia profunda naquilo que propõe”.

Quanto ao aspeto revolucionário, que se referencia, relativamente ao papa que veio da Argentina, os autores alertam para Francisco não ser um papa que vá “fazer uma revolução imponderada, mas alguém que sabe bem o quem pretende e que é capaz de surpreender, seja a Igreja, no diálogo interno, entre a reivindicações de abertura à modernidade e resistência à mudança, seja o mundo”.

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Relativamente ao mundo, onde “recolhe uma simpatia generalizada e transversal”, o papa pode surpreender “no diálogo ecuménico e inter-religioso ou na criação de pontes de confiança para os grandes debates e sociais”.

Segundo Marujo e Franco, que há muito acompanham as questões da Santa Sé e da igreja Católica, “são muitos os desafios, as interrogações e as variáveis” que o pontificado de Francisco enfrenta, e “aceitá-los como parte do processo, sem perder o horizonte da fé e da convicção, é já uma grande transformação na Igreja – institucional, cansada e previsível -, num tempo que pede criatividade e ousadia”.

“Na era da velocidade, o papa Francisco exprime uma proposta revolucionária que vai aos alicerces do Evangelho e aponta para redescoberta do concreto, dos afetos (…) e dizer coisas deixadas pelo caminho; como, por exemplo, ‘com licença’, ‘obrigado’ e ‘desculpa’”, um “tríptico que Francisco utiliza com frequência”.

Todavia, ressalvam os autores, se se espera “uma mudança profunda no catolicismo”, convém perceber que esta “não se limitará à capacidade de um homem só – mesmo que esse homem seja o papa”.

Para os autores a mudança necessita “de um caminho longo, e Francisco limitou-se a entrar nesse caminho, que começou nas suas origens passou pelos bairros periféricos de Buenos Aires [onde foi bispo] e chegou à centralidade romana, cujos sintomas de decadência e afastamento dos valores essenciais do Evangelho levaram Bento XVI a provocar a primeira grande rutura com o seu gesto de resignação”.

Quanto a esta obra, António Marujo e Joaquim Franco, munidos da sua experiência, começaram por “tentar perscrutar as mutações impercetíveis num primeiro olhar, que traduzem as grandes mudanças desejadas e protagonizadas pelo papa”.

Num segundo momento, analisaram “a proposta de intervenção política e económica do papa em favor de uma justiça mais eficaz e da pacificação entre povos, inclusive pela proposição da não-violência como caminho de ação política”.

Terminam o ensaio sobre Francisco com “a perspetiva do que podem ser algumas das mais importantes dificuldades que o papa (já) enfrenta, dos movimentos que se lhe opõem e oferecem resistência e do modo como Francisco pode ultrapassar esses desafios”.