Famalicão, Portimonense, Maia, Paços de Ferreira, Gil Vicente, V. Guimarães, Académica, U. Leiria, Sp. Braga, Belenenses, Rio Ave, Gil Vicente, Académica, Moreirense, Leixões, U. Leiria, Trofense, Desp. Aves, Arouca, Moreirense, U. Madeira, Desp. Chaves, Portimonense. Ufa, até cansa! Mas é este o trajeto como treinador de Vítor Oliveira, o nómada com maior sucesso no futebol nacional. E voltou este domingo a fazer história: com a subida do conjunto de Portimão à Primeira Liga, garantiu a promoção da quinta equipa diferente consecutiva, naquela que foi já a décima ascensão da carreira. Aos 63 anos. É obra.

Vítor Oliveira foi jogador. Médio. Estreou-se em 1972, com uma pesada derrota na Luz frente ao Benfica por 6-0, quando jogava no clube da terra, o Leixões. Na jornada seguinte, marcou o golo com que os matosinhenses bateram por 1-0 o Atlético. E lá fez a sua carreira, tendo passado ainda por Paredes, Famalicão, Sp. Espinho, Sp. Braga e Portimonense. Fez mais de 200 jogos, marcou quase 20 golos. E iniciou a carreira nos bancos no Algarve, em Portimão.

Garantiu a primeira subida no Paços de Ferreira, em 1991. Os castores ficaram no primeiro lugar da Segunda Liga com 21 vitórias em 38 jogos do competitivo segundo escalão nacional. Spassov, Zdravkov, Sérgio Cruz e Adalberto faziam parte desse plantel tal como José Mota, curiosamente o agora treinador que pode garantir a vaga em sobra para a Primeira Liga ao serviço do Desp. Aves. Saiu em 1992 para Barcelos, passou por Guimarães, e seria em Coimbra, pela Académica, que conseguiria a segunda subida: em 1997, com Pedro Roma na baliza e a dupla Dário-João Tomás na frente, o terceiro lugar foi suficiente.

Tomou-lhe o gosto e, nas duas épocas seguintes, levou outros tantos conjuntos ao principal escalão: primeiro a U. Leiria, em 1998, subindo e sendo campeão com um plantel valoroso onde se contavam nomes como Duah, Dinda, Bilro, Luís Vouzela ou Paulo Duarte; depois o Belenenses, em 1999 (começou essa temporada no Sp. Braga mas saiu a meio), orientando figuras como Filgueira, Lito Vidigal, Rui Gregório, Marco Aurélio, Tuck, Neca ou Zito.

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Andou depois por Rio Ave, Gil Vicente, Académica e Moreirense até voltar a garantir uma subida à Primeira Liga no comando da primeira equipa que teve como jogador sénior, o Leixões: foi campeão em 2007 com Beto (atual guarda-redes do Sporting), Bruno China, Hugo Morais, Roberto ou Jorge Gonçalves. Voltou a agarrar nas malas, passou por Leiria, voltou a Leiria como coordenador técnico, foi para o Trofense, seguiu para o Desp. Aves, chegou a Arouca.

Foi aí que conseguiu garantiu a primeira presença de sempre dos arouquenses na Primeira Liga em 2013, com Joeano, André Claro, Soares, Idris ou Zarabi no plantel. Foi também aí que iniciou um novo trajeto na carreira – em vez de ter a oportunidade de treinar no primeiro escalão, preferiu manter-se fiel a esse mundo da Segunda Liga. E sempre a subir: em 2014, o Moreirense de Marafona, Edgar Costa, Wagner, Luís Aurélio, André Carvalhas, Filipe Melo e Miguelito; em 2015, o U. Madeira de Miguel Fidalgo, Élio, Amessan e Jota; em 2016, o Desp. Chaves de Perdigão, Barry, Assis, Siaka Bamba e Nélson Lenho.

Na presente temporada, apesar da quebra recente do Portimonense nos últimos encontros, foi de forma indiscutível a melhor e mais regular equipa. A certa altura, já se sabia que iria subir, faltava apenas saber quando. E com um grupo de trabalho com muita qualidade, entre a experiência do avançado Pires (melhor marcador de sempre da Segunda Liga) e dos defesas Ricardo Pessoa e Ivo Nicolau e a juventude com muito futebol nos pés de Luís Mata, Ewerton, Bruno Tabata e Paulinho. Três anos depois, o Algarve volta ao mapa da Primeira Liga: apesar da derrota da equipa de Portimão em Viseu, a goleada sofrida em casa pelo Varzim frente ao Sp. Covilhã assegurou a promoção.

Depois dos míticos tempos do Farense europeu comandado por Paco Fortes que conseguia grandes enchentes no estádio São Luís, a descida do conjunto de Faro em 2002 abriu um hiato de sete anos sem clubes algarvios na Primeira Liga. Em 2009 subiu o Olhanense, no ano seguinte o Portimonense; em 2011 desceu o Portimonense, três anos depois o Olhanense. Agora, como escrevem os jornais espanhóis, um clube que carregou no botão VO (Vítor Oliveira) e apanhou o “Elevador automático” para o principal escalão. E para o ano?