O comissário europeu da Saúde e Segurança Alimentar diz estar preocupado com o surto de sarampo que se vive em toda a Europa — que já atingiu 14 países — e com o “ceticismo” em relação à vacinação e à ciência. “As vacinas funcionam. É um facto, não é uma opinião. É irresponsável dizer o contrário”, afirmou Vytenis Andriukaitis numa entrevista ao Público.

O lituano é da opinião de que certas vacinas, como a do sarampo, devem ser obrigatórias, mas ressalva que não se trata “uma prerrogativa da Comissão”: “A vacinação é uma responsabilidade dos Estados-membros, das autoridades nacionais”.

Quando foi ministro da Saúde da Lituânia tentou implementar uma medida para tornar obrigatórias as vacinas contra o sarampo, a rubéola e a poliomielite “para as crianças que entrassem para as creches públicas” — uma medida que acabou por não ter seguimento. “As vacinas já salvaram mais vidas de crianças do que qualquer outra intervenção médica”, acrescenta.

Para Andriukaitis ,”a vacinação ajuda a criar um ambiente seguro para todos, mesmo para as crianças que não estão vacinadas devido a contra-indicações médicas”. Relativamente à vacinação das crianças, o ex-governante lituano defende que é algo que deve estar “no centro de uma vida saudável e feliz no seio de uma família”: “Nenhuma criança deve ser privada do direito a ser saudável”.

O ex-ministro da Saúde refere também as vacinas são “a melhor maneira de proteger os indivíduos e o grupo” e que é fácil tomar a imunidade como garantida, mas essa imunidade “está dependente de uma elevada taxa de cobertura vacinal”. Um cenário que está a ser posto em causa devido ao ceticismo em torno das vacinas. “Os antivacinas estão a pôr toda a gente em risco”, acusa o comissário, acrescentando que “a hesitação perante a vacinação é um problema de saúde pública importante e em crescimento”. Algo que acaba por estar ligado à “desconfiança sobre a ciência”: “Todos temos de nos envolver e promover a ciência de forma pública. Se as pessoas não percebem ou não aceitam os factos científicos básicos, então é muito difícil debater”.

O comissário afirma ainda que a Comissão Europeia está a seguir “de perto” o surto de sarampo e está “a trabalhar em conjunto com as autoridades nacionais para encontrar a melhor forma possível de lidar com o surto”.

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