Os estilistas da reputada marca francesa aplicaram-se arduamente durante meses para optimizar a estética do Bugatti Chiron, dotando-o com linhas esguias, como convém a um veículo que vai atingir 420 km/h, mas também agressivas e apaixonantes logo à primeira vista, fundamental quando se exige ao potencial comprador que faça um investimento de 2,5 milhões de euros, antes de impostos, para ascender ao estatuto de feliz proprietário de um brinquedo destes. Mas eis que, quando tudo está perfeito e os Chiron vão começar a ser entregues aos seus clientes, surge alguém que decide alterar-lhe a traseira. E para pior. Ridiculamente pior.

A necessidade de homologar o novo Chiron segundo as normas americanas não foi propriamente um problema, pois a Bugatti, consciente das regras do jogo, tratou desde logo que o seu modelo de 1.500 cv estivesse à altura do que é exigido pelas autoridades locais. O problema surgiu do lado das companhias de seguro, que gostaram muito das linhas do mais recente coupé da marca, mas já não apreciaram tanto os riscos de danos na carroçaria ao mínimo toque. Isto porque o lindíssimo superdesportivo não tem pára-choques atrás e o mais pequeno encosto leva à aquisição da imensa grelha, dos afilados farolins ou dos belos escapes, sendo que nenhuma destas peças é barata. E, todas juntas, deverão atingir um valor superior a muitas modelos familiares que circulam por aí.

Ameaçando os proprietários com custos mensais muito elevados, as seguradoras levaram os clientes a exigir uma solução à Bugatti, mas esta não podia ser pior. É mesmo horrível. O que vale é que tem um truque, de que lhe falaremos mais à frente.

Para tranquilizar o espírito das companhias de seguros – tanto mais que os EUA vão consumir cerca de 1/3 dos 500 Chiron que vão ser construídos –, os estilistas gauleses conceberam duas extensões, cada uma delas a parecer meia caixa de sapatos esborrachada, que colocaram na zona central da traseira, exactamente no local que será embatido pelos veículos que o seguem nos choques a baixa velocidade em cidade, ou durante as manobras de estacionamento. Porém, estas peças – que chegam a parecer uns pequenos bancos para crianças, ou uns apoios de pé para trepar para cima do Chiron – desfiguram por completo a zona posterior do modelo e não deixarão de fazer com que Ettore Bugatti, o fundador da marca, se revire no túmulo.

Então, e qual é o tal truque para atenuar a estética revoltante das protuberâncias traseiras? É simples: os pára-choques são horríveis, mas são fixados na estrutura por uns quantos parafusos que estão bem à vista, pelo que nem é preciso ir à oficina para retirá-los e, assim, eliminar o deselegante apêndice. Ao que parece, será necessário encontrar uma nova forma de prender a chapa de matrícula, de que os americanos prescindem à frente, mas não atrás. Mas não será difícil encontrar uma solução mais agradável à vista do que as protuberâncias a que as seguradoras obrigaram.

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