O Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, apelou hoje para a preservação da memória do Campo de Concentração do Tarrafal, por onde passaram mais de 300 presos políticos durante o regime colonial em Portugal.

“Acredito que, mais do que nunca, pedaços da vida e da história que o Campo de Concentração do Tarrafal contém, devem ser perenizados, numa perspetiva dinâmica que impõe a preservação do passado como referência preventiva para os perigos de hoje”, disse.

Jorge Carlos Fonseca discursava hoje, durante uma cerimónia para assinalar os 100 anos da criação do município do Tarrafal, ilha de Santiago.

Para o chefe de Estado cabo-verdiano, é fundamental que o campo do Tarrafal, inaugurado em outubro de 1936, seja “testemunha muito eloquente de importantes facetas da humanidade”.

“Não apenas com o propósito de glorificar heróis, de recordar sempre os que foram violentados e até assassinados por causa das suas ideias, dos seus, das suas utopias, mas igualmente com o fito de desnudar essa faceta tenebrosa que o Campo contém e que também faz parte da humanidade”.

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Por isso, o chefe de Estado sublinhou “o dever de tudo fazer para preservar esse importante monumento” e “contribuir para que venha a ser reconhecido património da humanidade”.

“Neste dia 25 de abril, de importância inestimável para Cabo Verde, Portugal e outras ex-colónias portuguesas e que permitiu a libertação dos últimos presos políticos da era colonial-fascista, devemos assumir, com determinação, o compromisso de continuar a fazer do Museu da Resistência um farol que se alimenta das agruras e heroicidades do passado para construir, em permanência, trilhos de liberdade e dignidade humana”, sublinhou.

O campo do Tarrafal, inaugurado em outubro de 1936, foi inspirado nos campos de concentração nazis, e nele morreram 32 presos políticos portugueses e dezenas de outros oriundos das então colónias de Portugal.

Em Cabo Verde, o também conhecido como “Campo da Morte Lente” já é Património Cultural Nacional, mas o país quer a sua elevação a Património da Humanidade para preservar a memória de todos os que lutaram pela liberdade em Portugal e na África lusófona.