O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou hoje que o papa Francisco trouxe à Igreja Católica mudanças profundas que são irreversíveis, pondo fim ao seu eurocentrismo, que uns consideram revolução e outros reforma.

Marcelo Rebelo de Sousa deixou esta mensagem na apresentação do livro “Papa Francisco. A Revolução Imparável”, dos jornalistas António Marujo e Joaquim Franco, editado pela Manuscrito, na igreja do Convento de São Domingos, em Lisboa, e reforçou-a à saída, em declarações à comunicação social.

Referindo-se ao título do livro, o chefe de Estado questionou: “É mesmo revolução, ou é um espírito reformista?”.

Sem tomar posição, acrescentou: “Para quem vibra com o que há de novo, apetece chamar revolução. Para quem não vibra tanto assim com o que há de novo, apetece chamar reforma”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Segundo o Presidente da República, “tudo o que é dogmática inquestionável não é novo, não pode ser novo”, mas o papa Francisco trouxe à Igreja “mudanças profundas”, que “são imparáveis, no sentido de que estão a ficar”.

“Não mais a Igreja voltará a ser concentrada sobre a Europa, a pensar sobretudo na Europa. Está a crescer sobretudo no resto do mundo. Não mais funcionará como funcionava antes de ter chegado o papa” [Francisco], defendeu.

“Seja revolução ou seja reforma”, no seu entender, “é irreversível”.

Marcelo Rebelo de Sousa definiu o papa Francisco como “um jesuíta franciscano” que atua como “qualquer prior de uma paróquia de uma grande cidade, com grande pobreza, com os grandes problemas sociais, como acontecia realmente na Argentina”, e “chega a um universo muito além dos crentes”.

O chefe de Estado, que se vai encontrar com o papa Francisco em Fátima em maio, salientou que este “é o primeiro papa não europeu, e que termina com o eurocentrismo da Igreja Católica”, olhando-a “com a visão de um latino-americano, com a cor, com a vivacidade, com a heterodoxia” que isso comporta.

De acordo com o Presidente, “o fim da visão eurocêntrica da Igreja é irreversível”, assim como uma “aproximação mais universal da Igreja” e “uma pastoral de proximidade” e “empenhada nas periferias”.

“É irreversível. E é uma grande lição para nós”, considerou.

Artigo atualizado às 11h56 do dia 27.04.2017 para retificar o nome da editora do livro.