A Federação Nacional de Regantes de Portugal (Fenareg) alertou esta quarta-feira para a existência de “30 mil hectares de culturas em risco” no Alentejo, por causa dos baixos níveis de armazenamento de água em albufeiras, devido à seca.

O armazenamento atual de água em algumas albufeiras “não poderá dar resposta às necessidades” e, além de questões ambientais e de qualidade da água, “apuramos 30 mil hectares de cultura em risco” no Alentejo, refere a Fenareg, num comunicado enviado à agência Lusa. Por isso, admite, “poderão existir medidas de rateio” de água na campanha de rega deste ano, “como já foi anunciado para o Aproveitamento Hidroagrícola de Odivelas”, que beneficia 12.751 hectares nos concelhos de Ferreira do Alentejo, no distrito de Beja, e de Grândola e Alcácer do Sal, no distrito de Setúbal.

Segundo a Fenareg, “pelo terceiro ano consecutivo, a precipitação foi inferior ao normal” e na região do Alentejo “o valor médio acumulado, neste ano hidrológico, não ultrapassou 400 milímetros”. “A bacia hidrográfica do Sado apresenta registos críticos de volumes armazenados úteis nas albufeiras”, com a albufeira de Odivelas a registar 6% e a do Roxo, que serve perímetros de rega e garante o abastecimento público a Beja e Aljustrel, 10%.

Os perímetros de rega do Vale do Sado, que serve o concelho de Alcácer do Sal, de Campilhas, que abastece freguesias dos concelhos de Santiago do Cacém, Ourique e Odemira, e da Vigia, que serve o concelho de Redondo, têm níveis de armazenamentos de água “entre 40 e 50%” e “limitação hídrica” para a campanha de rega deste ano.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A Fenareg refere que o início da campanha de rega “está a escassos dias e perante a atual situação de seca” já questionou a Agência Portuguesa do Ambiente “sobre a ativação da Comissão de Gestão de Albufeiras e da Comissão de Acompanhamento da Seca”.

No dia 12 deste mês, a Associação de Beneficiários da Obra de Rega de Odivelas (ABORO) anunciou que decidiu ratear a água disponível para rega dando a possibilidade aos seus regantes de não recorrerem à água do Alqueva se assim o entenderem.

Segundo a ABORO, a decisão, tomada pelos seus regantes em assembleia geral, decorreu da aplicação do novo e “elevado” preço da água do Alqueva para as associações de regantes confinantes com o Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva (EFMA).

O novo tarifário “implica um aumento muito significativo do preço da água” nos perímetros de rega geridos pelas associações de regantes confinantes, já que ao preço do EFMA tem de se adicionar o preço das associações, “o que retira sustentabilidade económica a uma parte considerável das culturas, sobretudo nas condições de escassez de água que vivemos atualmente”, explica a ABORO.