O chefe de Estado cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, defendeu esta sexta feira, na cidade da Praia, a importância da estabilidade dos países da África Ocidental para a sua integração económica.

O Presidente cabo-verdiano considerou “essencial” a integração económica entre os 15 países e os 300 milhões de consumidores que constituem a comunidade, mas alertou que ela “não poderá ser alcançada se importantíssimos problemas que permanentemente afligem os povos não forem também solucionados”.

“Não será possível aproveitar totalmente as potencialidades se não for possível resolver os conflitos que persistem. A democratização plena da região é outro importante desafio a que temos de fazer face com determinação”, disse.

Jorge Carlos Fonseca falava na abertura de uma conferência parlamentar para debater a integração de Cabo Verde na Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

Na iniciativa, organizada pelo parlamento cabo-verdiano, participou também o presidente do parlamento da CEDEAO, Moustapha Cisse Lo, e uma delegação de 34 deputados, que hoje terminam uma semana de atividades descentralizadas daquele parlamento em Cabo Verde.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O chefe de Estado cabo-verdiano entende que “é necessário incentivar a democratização dos Estados da região” e sustenta que “sem democracia a integração e o desenvolvimento ficam comprometidos”.

“Os nossos países necessitam da democracia como do pão para a boca. Temos de ter a ambição de construir países prósperos desenvolvidos e democráticos e de conceder a devida importância à cooperação na esfera de segurança”, disse.

Criada em 1975 pelo Tratado de Lagos, a CEDEAO integra 15 países e tem como objetivo promover a integração económica dos seus membros, entre os quais se conta, desde 1976, Cabo Verde. Benim, Burkina Faso, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné-Conacri, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Níger, Nigéria, Serra Leoa, Senegal e Togo são os outros países que integram a comunidade, muitos dos quais são palco de conflitos e instabilidade.

Jorge Carlos Fonseca lembrou também a “tragédia da desesperada emigração clandestina”, considerando que “deverá ser melhor equacionada no quadro do processo de integração regional”. Aos jornalistas, defendeu que Cabo Verde deve aproveitar o mais possível da sua pertença à CEDEAO, mas sem perder de vista os interesses e “outras ancoragens” do país.

“Somos um arquipélago, temos que integrar-nos, mas essa integração deve ser-nos facilitada através de um olhar mais atento. É difícil integrar-nos se não houver carreiras marítimas e ligações aéreas” que liguem Cabo Verde ao continente africano.

Defendeu, por isso que, os planos de investimento e os projetos da CEDEAO têm que “ter em conta as especificidades e as vulnerabilidades de países pequenos e insulares como Cabo Verde”.

“Temos que ser criativos e vigilantes em relação à defesa dos interesses de Cabo Verde nesse processo de integração, que é importante politicamente, mas também economicamente, e não devemos perder de vista que seremos sempre um país de muitas ancoragens”, disse, dando como exemplo a parceria especial que o Cabo Verde tem com a União Europeia.

Por seu lado, o presidente do parlamento da CEDEAO, Moustapha Cisse Lo, considerou que a integração passa pela “livre circulação de pessoas e bens” e defendeu a criação de uma “zona efetiva de trocas livres”.

“Temos que criar uma união economicamente forte para responder às pessoas” que arriscam as vidas no mar à procura de melhores oportunidades, disse.

Destacando a importância de existir uma “fluidez de ligações” entre Cabo Verde e o Senegal, Moustapha Cisse Lo considerou que, apesar de a livre circulação de pessoas e bens estar consagrada no âmbito da CEDEAO, “existem muitos entraves” à sua concretização.

“Assinamos tratados e protocolos, agora é preciso aplicá-los à letra. É assim que se consegue a integração”, disse.