O Japão “não vai fazer concessões” aos Estados Unidos nas negociações para um acordo comercial bilateral que ambos preveem iniciar em breve, afirmou o ministro das Finanças nipónico, Taro Aso, numa entrevista publicada esta sexta feira pelo jornal económico Nikkei.

O vice-primeiro-ministro do Executivo japonês e máximo responsável da política económica advertiu que Tóquio irá manter uma postura mais firme diante de Washington na hora de abordar o futuro pacto, depois da retirada dos Estados Unidos do Acordo Transpacífico de Cooperação Económica (TPP, na sigla em inglês), promovida pela Administração de Donald Trump.

“Seria bom que os Estados Unidos se juntassem, mais tarde, ao TPP, uma vez compreendendo que um acordo de comércio livre [bilateral] terá termos mais duros”, assinalou Aso.

O vice-primeiro-ministro nipónico quis deixar aberta a porta à possibilidade de Washington voltar atrás e juntar-se ao TPP – uma opção que qualificou de “realista” –, apesar de assinalar que “não irá haver qualquer renegociação” do acordo “dado que já contou com três anos de trabalho”.

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Aso espera que os Estados Unidos “deem uma resposta definitiva” sobre o seu eventual regresso ao TPP ou confirmem a sua retirada em 2018, quando se realizam eleições para o Congresso.

Desde a saída de Washington do ambicioso acordo firmado pelo Japão e uma dezena de países, o Executivo liderado por Shinzo Abe tem insistido na necessidade da maior potência mundial reconsiderar a sua decisão, dado que via o TPP como uma peça fundamental da estratégia para relançar a sua economia.

A Administração de Donald Trump, em sentido inverso, considera o TPP “uma coisa do passado”, segundo afirmou o vice-presidente norte-americano, Mike Pence, após reunir-se, em Tóquio, com Aso, no passado dia 18.

No encontro, Pence e Aso iniciaram um diálogo económico de alto nível que vai continuar até ao final do ano, com o objetivo de “abrir negociações para um acordo bilateral de comércio no futuro”, de acordo com o anunciado.